26.3.20

Sem rendimentos das feiras, comunidade cigana "já pede ajuda a familiares"

Por Maria Augusta Casaca, in TSF

Com receio da propagação do vírus, comunidade cigana apela a que as autoridades sanitárias olhem para acampamentos sem condições de higiene.

Em estado de emergência e com a esmagadora maioria do país fechado em casa, também as feiras e mercados ficaram sem gente. Sem poderem, por estes dias, vender nesses mesmos espaços, muitos feirantes ciganos estão a passar dificuldades.

"Para ter uma ideia, em Portugal somos cerca de 50 mil ciganos e 70% a 80% são feirantes", diz o presidente da Federação Cigana de Portugal. Rafael Ximens conta que habitualmente estes feirantes têm três a quatro feiras semanais e, não podendo fazer nenhuma, " já estão a pedir ajuda a familiares" para porem o pão na mesa.

Outro problema são as condições precárias em que vivem. Em Beja, por exemplo, está instalada uma grande comunidade desta etnia.

No bairro da Pedreira moram cerca de 800 pessoas. Algumas em casas, outras num acampamento onde só há uma torneira para centenas de pessoas.

Apesar dos alertas que já fez à sua comunidade para que tenha cuidados de higiene, o presidente da Associação de Mediadores Ciganos de Portugal (AMEC), que mora naquele bairro, receia que, nesta altura de pandemia, tal não seja o suficiente.

"Há aqui muitas crianças e eles estão com muito receio", revela Prudêncio Canhoto." Há uma torneira para 300 pessoas."

Por isso, esta associação cigana pede à Cruz Vermelha e à Proteção Civil que coloque tendas no local, com um enfermeiro para ajudar as pessoas e sobretudo produtos desinfetantes."Eles não têm álcool, não têm gel, não têm nada", conta.