António Marujo, in Jornal Público
Até às 18 horas de ontem tinham sido contabilizadas 1048 toneladas de alimentos
O constante crescimento dos números nas campanhas do Banco Alimentar contra a Fome (BACF) em Portugal traduz a ideia de que as pessoas "acreditam neste projecto de luta contra a fome", disse ontem à noite ao PÚBLICO Isabel Jonet, responsável da Federação Portuguesa dos BACF.
A campanha deste fim-de-semana, que junto de 800 estabelecimentos, bateu todos os recordes anteriores, também por "culpa" da existência de mais duas instituições em Portalegre e no Algarve: 16 mil voluntários, 1048 toneladas de alimentos registadas até às 18 horas de ontem (em Maio de 2006, o total da campanha foi de 1160). Pelos dados disponíveis, a perspectiva de Isabel Jonet era que, com os carregamentos que entretanto continuavam a chegar, esta campanha atingisse mais sete por cento do que a de Maio do ano passado. "São resultados animadores", comentou a responsável do banco alimentar. Um total de 1380 instituições que chegam a 210 mil pessoas carenciadas serão beneficiadas com esta campanha.
No final da semana, serão somados ainda os valores da campanha-vale (em que as pessoas são convidadas a oferecer um vale ao banco alimentar) e pay-shop (nos CTT).
Isabel Jonet destaca a "surpresa" do caso do BACF do Algarve, entretanto criado e que entrou pela primeira vez nesta campanha de recolha de alimentos de Maio (a outra é em Novembro/Dezembro): a entrada de 50 toneladas de alimentos tinha sido registada também até às 18h.
"É uma ajuda importante para inverter a situação de pobreza que existe no interior do Algarve, desertificado e onde vivem tantas pessoas idosas", diz Isabel Jonet.
A adesão à campanha é justificada por Isabel Jonet por causa da "grande proximidade entre quem dá e quem recebe": as pessoas "sabem que estão a contribuir para quem sofre na sua região". Sinal positivo é também o aumento dos voluntários que supervisionam as instituições beneficiadas, para que nada se perca pelo caminho. A situação de "abrandamento da economia" que o país tem vivido leva Isabel Jonet a referir que o problema da fome em Portugal ainda demorará "alguns anos" a resolver. Daí a importância da sociedade civil e do seu papel de proximidade, destaca.