Célia Marques Azevedo*, Correspondente em Bruxelas, in Jornal de Notícias
A Comissão Europeia reviu em alta o crescimento de Portugal para este ano e para o próximo. A economia nacional deverá avançar 1,8%, em 2007, e 2%, em 2008. Ainda assim, o crescimento português será o mais baixo dos 27 países da União Europeia (UE).
Em média, a economia europeia crescerá a uma taxa de 2,9%, em 2007, e de 2,7%, no próximo ano, resultado do dinamismo do consumo privado e de investimento mais consistente, de acordo com as Previsões Económicas da Primavera, apresentadas ontem pela Comissão.
Para este ano, Bruxelas prevê um crescimento da economia portuguesa três décimas acima do que tinha anunciado nas previsões do Outono, coincidindo assim com a estimativa de 1,8% do Governo. Já os 2% de crescimento económico para 2008, estão quatro décimas abaixo do previsto por Lisboa, no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). O ritmo de evolução da economia nacional esperado, para este e para o próximo ano, é inferior ao estimado para a Zona Euro, cuja economia deverá expandir-se 2,6% este ano e 2,5% no próximo.
Sobre o défice, o comissário dos Assuntos Económicos, Joaquim Almunia, disse que Portugal vai "continuar no vermelho", com uma taxa de 3,5%, em 2007, e de 3,2%, em 2008, caso "não haja alterações nas políticas económicas".
Desvalorizando a estatística, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, adiantou que a Comissão não dispõe de dados suficientes e que terá que aguardar pela "discussão e aprovação na Assembleia da República do Orçamento para 2008, para saber que políticas económicas Portugal utilizará para manter o défice abaixo dos 3%".
Almunia notou que Portugal está a fazer um esforço para consolidar as contas e seguir as recomendações para corrigir o défice excessivo. Bruxelas prevê, ainda, que as exportações portuguesas mantenham a sua trajectória ascendente, mas a um ritmo inferior ao de 2006.
A CE estima a criação de cerca de nove milhões de novos postos de trabalho, entre 2006-2008, na União. Seis milhões dos quais na Zona Euro. Desta forma, a Comissão espera contribuir para a redução do desemprego na UE para um nível inferior a 7%, em 2008.
A inflação deverá manter-se em níveis moderados, embora as perspectivas apontem para uma ligeira aceleração da taxa de inflação de base em resultado da nova subida dos preços do petróleo e da recuperação cíclica. A melhoria das perspectivas deve-se, em parte, a resultados melhores do que os esperados em 2006, ano em que se verificou o "ritmo de expansão mais vigoroso dos últimos seis anos", acrescenta o documento.
* Com Ana Paula Lima
Desemprego na UE deve diminuir 6,7%
A taxa de desemprego na União Europeia deve cair para 6,7%, nos países da UE, e para 6,9%, na Zona Euro. Valores que só se registaram no início da década de 90, segundo Bruxelas. Em Portugal, o desemprego deverá situar-se este ano nos 7,7%, e nos 7,5%, em 2008, previsões que ficam abaixo do previsto pelo Governo português.
Barril de petróleo nos 70 dólares em 2008
A Comissão estima que os preços médios do petróleo se situem nos 66,2 dólares por barril, este ano. Em 2008, os preços deverão subir até aos 70,3 dólares.
Projecções de Bruxelas dentro do previsto
A generalidade dos analistas de mercado, ouvidos pela Agência Lusa, consideram que as previsões da Comissão Europeia para a economia não revelam qualquer surpresa. No caso de Portugal, o crescimento de 1,8% do PIB, para este ano, está assente numa evolução externa "favorável", e a recuperação continua a estar dependente das exportações.