4.7.23

Elvira e Joana habituaram-se a ouvir "não vales nada", "não devias ser médica". Agora, lutam por justiça

Ana Mafalda Inácio, in DN


O assédio laboral é proibido e punido pela Lei 73/2017, de 16 agosto, em Portugal. A Organização Internacional do Trabalho rejeita liminarmente, mas na classe médica é uma realidade. Ordem e sindicatos assumem ser "uma prática reiterada", "silenciada" e "sem punição". As vítimas resistem, habituam-se ou desistem e são poucas as que avançam com queixas, por medo de represálias ou falta de confiança nas soluções. Hoje é uma das principais razões do "burnout", do absentismo e das saídas do SNS. Nesta reportagem, o DN conta-lhe cinco casos de assédio, mostra os poucos números que existem, fala-lhe do Direito, e de como é difícil fazer prova, sobretudo porque os assediantes são chefes, e, por fim, em entrevista, dá-lhe a conhecer a posição do Diretor Executivo do SNS e da Inspetora-Geral da ACT.


Elvira e Joana são vítimas de assédio laboral, mas por razões diferentes. Uma por que recusou um caso com o diretor de serviço, a outra porque ocupava funções onde este queria colocar um "amigo", mas Elvira há mais tempo do que Joana. Ambas aceitam falar ao DN, por os advogados considerarem que os seus casos integram os requisitos definidos na lei do assédio, embora sob anonimato, receiam mais represálias, porque "no SNS a prática é igual a impunidade."