Sónia Santos Silva, in TSF
A comunidade cigana em Portugal vai ser alvo de um estudo inédito. Francisco Assis, presidente do CES, diz que vai resultar num retrato socioeconómico inexistente em Portugal. Os resultados vão ser conhecidos dentro de dois anos.
O protocolo para a realização de um estudo científico sobre a situação socioeconómica das comunidades ciganas em Portugal é assinado esta tarde e envolve o Conselho Económico e Social (CES), a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM). Dentro de dois anos devem ser conhecidos os dados de uma comunidade com 500 anos de presença em território nacional, mas sobre a qual não há um panorama completo e científico. Francisco Assis, presidente do CES sublinha que, inexplicavelmente, o que existe são dados avulsos que não permitem reunir uma visão ampla e completa.
"Há vários estudos, mas estão dispersos e são muito insuficientes. Finalmente vai-se dar um passo decisivo tendo em vista a realização deste estudo. Até ao final do anos estaremos em condições de o lançar e dentro de dois anos. É muito importante, porque nem a extensão desta comunidade em Portugal é conhecida com rigor. Fala-se entre 30 mil a 50 mil pessoas."
Para o presidente do Conselho Económico e Social, concretiza-se, com este estudo, uma velha aspiração da comunidade científica. Na atual conjuntura, esta investigação ganha ainda mais relevância no campo político. Francisco Assis lembra que o desconhecimento pode dar origem a um discurso perigoso e a fantasmas coletivos indesejáveis.
"É um tema que se presta, muitas vezes, a um discurso profundamente demagógico, extremista e desonesto. Não há como opor o conhecimento aos fantasmas coletivos que, muitas vezes, se conseguem construir em torno de temáticas desta natureza. O desconhecimento premeditado é o maior aliado do discurso demagógico. Com base no desconhecimento, e na utilização descarada desse mesmo desconhecimento, é fácil produzir um discurso que suscite, que cria fantasmas coletivos perigosos."
O protocolo para a realização do estudo sobre a comunidade cigana é assinado às 16h30, no Conselho Económico e Social, em Lisboa, e conta com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.
A colaboração entre o Conselho Económico e Social (CES), a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) vai dar origem ao primeiro estudo nacional sobre as comunidades ciganas, um objetivo da Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas (ENICC).