Marlene Cerqueira, in Correio do Minho
Aos tradicionais pedidos de enxovais para bebés que chegam à Associação Famílias, juntam-se agora os pedidos de alimentos, uma situação que comprova a grave crise económica e social em que a região está mergulhada.
Carlos Aguiar Gomes, presidente da IPSS bracarense, revelou ao ‘Correio do Minho’, “que desde o início do ano a associação já distribuiu 35 exovais para bebés, mais do que os 32 distribuídos ao longo de todo o ano passado”.
Acrescenta ainda o responsável que além de pedidos de enxovais “são cada vez mais as pessoas que pedem outros bens, nomeadamente comida”.
Como a Associação Famílias não está vocacionada para esse tipo de apoio, a instituição lança um apelo público a quem quiser colaborar para que o faça chegar às suas instalações, na Rua de Guadalupe, n.º 73, em Braga. As ofertas terão de ser bens alimentares não perecíveis, uma vez que a instituição não tem ainda condições para armazenar convenientemente outro tipo de produtos. “Gostávamos de fazer um acompanhamento integrado, pois é desagradável dizer às famílias que estamos a acompan har para irem buscar arroz a uma instituição e massa a outra”, refere Carlos Aguiar Gomes.
O presidente da Associação Famílias alerta para o facto de muitas famílias estarem a passar por situações complicadas, sobretudo famílias que estavam habituadas a viver sem dificuldades. “Surgem cada vez mais pedidos de famílias que, por vergonha, não aparecem e pedem ajuda por intermediários. Temos inclusive pedidos de famílias de fora do distrito de Braga”, revela Carlos Aguiar Gomes para quem este problema da pobreza envergonhada tem sido mais latente desde Dezembro último.
Por vezes, a vergonha é mesmo impeditivo para procurar ajuda e acabam por ser vizinhos que se apercebem da situação a contactar a associação. “É importante estar de olhos abertos, pois ao nosso lado pode haver quem precise de ajuda, mas não tenha coragem de a pedir”, refere o responsável.
Por vezes, estas famílias, estes novos pobres, precisam também de um pouco de pedagogia para aprender a viver com o pouco que têm. Esse é um trabalho que a Associação Famílias também faz através de um psicólogo.


