15.5.09

Sobreendividados aumentam na região

Luís Henrique Oliveira, in Jornal de Notícias

Desemprego e divórcio na origem da maioria dos casos


Cresce no Alto Minho o número de famílias que se encontram em situação de sobreendividamento. Quem o diz é a Associação para a Defesa do Consumidor (Deco), que alude à crescente procura dos apoios prestados pela associação.

O aumento do desemprego no distrito de Viana do Castelo e o consequente desequilíbrio que tal situação acarreta, principalmente, para as famílias, está na origem da crescente procura do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da delegação vianense da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), valência que, segundo os responsáveis por aqueles serviços, tem vindo a registar "um largo crescimento", nos últimos meses.

Referindo-se à problemática, Liliana Rio, da Deco de Viana do Castelo, revelou que aquele serviço foi, nos primeiros três meses deste ano, procurado por perto de metade das pessoas atendidas ao longo de todo o ano de 2008.

"Na sua quase totalidade, os casos apresentados relacionam-se com a perda do posto de trabalho ou com situações de divórcio, nos quais as pessoas se vêem privadas dos recursos financeiros para fazer face a encargos anteriormente assumidos", explicou a responsável, especificando que 35 casos foram acompanhados no primeiro trimestre deste ano. No ano passado, 77 pessoas buscaram por apoio junto daqueles serviços, tendo o número de casos de sobreendividamento acompanhados pela Deco vianense em 2007 sido de 62. Segundo a Deco, Viana do Castelo, Ponte de Lima e Caminha são os concelhos do distrito com o maior número de situações participadas.

No tocante a queixas formuladas pelos consumidores da região, o primeiro trimestre deste ano registou praticamente o dobro do número de participações relativamente a homólogo período do ano anterior, estando a esmagadora maioria das situações relacionada com serviços de telecomunicações, entre os quais se contam a internet de banda larga e os contratos de telemóveis. Segundo a estrutura vianense da Deco, 872 pessoas buscaram o auxílio daqueles serviços nos primeiros três meses deste ano, sendo a esmagadora maioria das queixas relativas a contratos de prestação de telecomunicações. A estes, seguem-se os contratos firmados com instituições financeiras, indicou Liliana Rio, dando conta que os consumidores justificam, em muitos dos casos, as participações "com a falta de informação, na altura da assinatura dos contratos". Quanto aos bancos, disse que as queixas mais vezes formuladas prendem-se com revisões das taxas de juro e fundos de investimento.

Segundo a responsável, os contratos celebrados através das chamadas "vendas agressivas" - sejam elas relativas a cartões de férias, aspiradores ou, mesmo, colchões - deixaram, nos últimos tempos, de liderar o rol das queixas apresentadas à delegação vianense daquela associação, o que denota, segundo enfatizou, "um maior esclarecimento por parte das pessoas em relação a este tipo de contratos".