28.7.10

Prestação da casa aumenta já em Agosto

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

Subida da Euribor tem sido lenta mas constante e já se sente quando a prestação "cai" na conta


A lenta mas constante subida da Euribor já começa a sentir-se nas prestações do crédito à habitação. E quem fizer um empréstimo em Agosto vai pagar em média mais sete euros por mês do que se tivesse contratado exactamente o mesmo crédito em Julho.

As taxas de juro continuam em mínimos históricos, mas o indexante mais usado pelos portugueses quando compram casa, a Euribor, tem mantido uma constante tendência de subida desde o final de Março. Este movimento, já esperado, tem sido gradual mas faz já diferença no cálculo mensal das prestações do empréstimo.

Quem contratar um crédito de 150 mil euros, para amortizar em 30 anos, com um spread de 1% e indexado à Euribor a 6 meses, vai pagar uma prestação mensal de 561,81 euros. Estes mesmo empréstimo pagaria 555,33 euros se tivesse sido feito em Julho. A diferença de sete euros é totalmente devida à subida da Euribor que em Junho teve uma média de 1,012%, mas em Julho (mês de referência para os empréstimos realizados em Agosto) rondará 1,098% - o valor exacto só poderá ser calculado na sexta-feira.

Em Junho, aquele mesmo crédito pagaria menos dois euros, segundo a simulação efectuada pela Deco a pedido do JN. O que indicia que o ritmo de subida da Euribor poderá estar a acentuar-se. Igualmente revelador desta mudança são os números de Junho das taxas de juro implícitas no crédito à habitação ontem revelados pelo Instituto Nacional de Estatística: em termos gerais (para o total dos empréstimos em vigor) as taxas ainda desceram em Junho, mas o juro suportado pelos contratos celebrados nos últimos três meses já evidenciam ligeiras subidas face a Maio.

Assim, a generalidade dos créditos para habitação contraídos por particulares viu a taxa de juro implícita recuar 0,006% em Junho face ao mês anterior, mas a descida foi metade da que tinha sido observada em Maio. Ou seja, o ritmo da descida está a abrandar, ainda que se observe há já 18 meses consecutivos e se contabilize uma diminuição acumulada de 4,174 pontos percentuais.

Com a Euribor em rota ascendente, será de esperar que as próximas informações do INE apresentem uma tendência inversa. Ainda que ninguém consiga prever qual a velocidade a que vão subir as taxas de juro, este movimento há muito que era antecipado e está, de resto, reflectido nas várias projecções macro-económicas, ainda que com intensidades diferentes: o Governo aponta para um valor de 0,8% para a média anual da Euribor a três meses, mas nos testes de stress a que firam sujeitos os bancos europeus o valor esperado é de 1,2% em 2010 e de 2,1% no próximo ano.

O INE observou ainda uma subida mensal de 88 euros no valor médio da generalidade dos contratos de crédito à habitação (que ascendem agora a 56.497 euros). Se se tiverem em conta apenas os empréstimos para compra de habitação, a subida do valor médio dos contratos foi de 96 euros, ascendendo em Junho aos 60.531 euros, contra os 60.435 euros de Maio.