21.12.10

Ruas de Portugal são casa para 8 mil sem-abrigo

in RR

A Renascença traça o cenário dos que não têm um tecto para dormir de norte a sul do país. O director da associação "Cais" fala numa situação insustentável.

Portugal tem perto de oito mil pessoas sem-abrigo em todo o país. O problema tem mais incidência em Lisboa e no Porto, mas também se reflecte noutros pontos do pais como Setúbal, Évora, Coimbra, Beja, Viseu, Braga e Algarve.

Começando pelo Sul do país, estima-se que no Algarve cerca de 100 pessoas vivam na rua. A grande maioria é do sexo masculino e encontra-se em Faro. Os dados apresentados num colóquio realizado no mês passado podem pecar por defeito e a tendência é para aumentar, segundo Isabel Cebola, do Centro de Apoio aos Sem-Abrigo (CASA).

Em Beja, no Alentejo, está a aumentar o número de pedidos de ajuda à Cáritas diocesana, que acolhe diariamente nos seu refeitório social cerca de 55 pessoas. Apesar do número de pessoas sem tecto na cidade ser “relativamente baixo”, vai ser criado um centro de acolhimento, no final do próximo ano.

Em Viseu e na Guarda, não há sem-abrigo, segundo dados oficiais dos governos civis, mas a realidade no terreno é diferente. A acção de instituições de solidariedade como a Cáritas, que instala várias pessoas em pensões, é decisiva no combate às situações de carência.

Emília Andrade, presidente da Cáritas da Guarda, confirma a existência de um tipo específico de sem-abrigo na cidade, pessoas que recusam ser institucionalizadas e que vivem em barracões ou em edifícios degradados.

As novas formas de pobreza multiplicam-se um pouco por todo o país e levam as instituições que foram criadas para apoiar especificamente os sem-abrigo a repensar as suas prioridades. A associação "Cais" já se vê obrigada a dar resposta a novas situações criadas pela crise.

Henrique Pinto, director desta organização não-governamental, fala numa situação “insustentável e escandalosa”.

“Quando pessoas no desemprego, com casa e família, nos batem à porta, tendo já batido a outras organizações, é porque de facto isto está a tornar-se insustentável”, alerta Henrique Pinto.