6.8.14

Desemprego desce para 13,9% até Junho mas jovens continuam deixados para trás

Por Filipe Paiva Cardoso, in iOnline

Segundo trimestre assistiu a aumento na população empregada em 87,7 mil pessoas. Algarve e sazonalidade justificam evolução positiva

A economia portuguesa viu o total da população empregada crescer 2% entre Abril e Junho deste ano, o que significa a entrada de mais 87,7 mil indivíduos no mercado de trabalho. Este é o maior salto trimestral na criação de emprego em Portugal desde pelo menos 1998, ano em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) começou a publicar dados do desemprego trimestralmente. Apesar desta evolução, Portugal continua sem espaço para os seus jovens.

Em termos trimestrais, o emprego na faixa etária entre os 15 e os 24 anos foi o único que continuou em queda, apesar dos mais 87,7 mil empregos que surgiram no período. Se desde o segundo trimestre do ano passado até ao primeiro trimestre deste ano o valor ficou praticamente inalterado, a rondar os 236 mil jovens com emprego, agora os bons sinais do mercado em geral resultaram num efeito oposto para os jovens: deu-se um recuo de 0,9% no trimestre no total de empregados até aos 24 anos. Esta evolução negativa acabou por engordar ainda mais o total de jovens inactivos do país, que em Junho deste ano atingiam já os 740 mil, contra os 727 mil em Março último - superando até os valores de há um ano, já que em Junho de 2013 contavam-se 737,6 mil jovens inactivos.

Segundo os dados ontem divulgados pelo INE, Portugal chegou a Junho com 728,9 mil desempregados, menos 59 mil do que os registados em Março e menos 137 mil que o desemprego existente há um ano. A taxa de desemprego caiu assim para os 13,9%, isto quando no final do primeiro trimestre estava nos 15,1% e há um ano atingia os 16,4%.

A criação de emprego registada entre Abril e Junho deste ano veio sobretudo dos trabalhadores a tempo completo, cujo total cresceu 2,2% no trimestre, ou mais 83 mil pessoas, contando-se ainda 21 mil novos trabalhadores a contrato com termo e 48,8 mil sem termo. Destaque também para o crescimento das situações de subemprego, que em Junho empregavam 252,2 mil pessoas, mais 7,3 mil que em Março - o subemprego, no final de 2011, era solução para apenas 52 mil pessoas, tendo crescido quase 400% desde então.

Regiões, sazonalidade e sexo Apesar da taxa de desemprego global do país ter-se fixado nos 13,9% em Junho, é de destacar que só duas regiões apresentam valores abaixo da média, estando todas as outras acima daquela taxa. A região Centro é a que apresenta o desemprego mais baixo, com uma taxa de desemprego regional de 10,4%, logo seguida pelo Algarve, que em Junho apresentava uma taxa de desemprego de 13,5%. É de destacar aqui a evolução da região algarvia de Março para Junho, já que evoluiu de um desemprego de 18,3% para 13,5% em apenas três meses, muito provavelmente à conta do aumento da procura turística por aquele destino já nos meses de Maio e Junho. O Algarve passou assim de região com a maior taxa de desemprego em Março para a segunda taxa mais baixa em Junho. Do lado oposto ao Centro e ao Algarve encontram-se Açores e Madeira, com 16% e 15,5% de desemprego respectivamente, valores que também representam uma melhoria, sobretudo nos Açores, cuja taxa estava nos 18% em Março.

A queda da taxa global de desemprego na economia portuguesa também teve efeitos diferenciados conforme o sexo, com uma redução mais elevada nos homens, suficiente para se verificar um indicador raro: em Junho havia mais mulheres desempregadas (365,5 mil) que homens (363,5 mil). Em Março a diferença estava em 385,2 mil mulheres desempregadas para 402,9 mil homens sem emprego. Assim, aumentou também o gap entre o desemprego masculino e o feminino. Se as taxas andavam bastante próximas, com o segundo trimestre deste ano a taxa de desemprego feminina ficou para trás. Há hoje 13,5% de homens desempregados para uma taxa de 14,3% do lado feminino - no trimestre anterior as taxas estavam em 15,1% e 15,2%. Tudo reflexos do facto de nos 87,7 mil novos empregos que surgiram, apenas 33% terem sido para mulheres.