Sónia Silva Sá, in "Diário do Minho"
A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) foram os grandes ausentes num encontro promovido, ontem, para debater a pobreza na região. Esta mesa redonda, organizada pela EAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza, núcleo de Viana do Castelo, visou debater a utilização dos fundos comunitários na luta contra a pobreza e a exclusão social, tendo naturalmente como referência o distrito de Viana do Castelo.
No início da sessão, Hélder Pena, representante do núcleo da Rede Europeia Anti-Pobreza, pediu «desculpa» aos presentes pelas ausências. Destacou a ausência da CCDRN, «que nem respondeu ao convite». «Se calhar foi o tema – que é pouco cativante –, pois a luta contra a pobreza incomoda muita gente», referiu. Também a ausência da CIM Ausências foram muito criticadas pelos que gostariam de obter respostas tão a falhar, muito por causa dos atrasos no novo quadro comunitário», referiu.
«Podemos garantidamente avançar com cerca de 25% da população do distrito em situação de pobreza, números muito graves», lamentou, considerando que «as respostas são insuficientes Alto Minho foi realçada, com o responsável a dizer que é «um bocado incompreensível, porque eles têm cerca de 40 funcionários e ninguém teve disponibilidade para participar».
«Nós queríamos – mas já não vamos ter essa possibilidade porque a CCDR não apareceu – refletir soe estes atrasos nos fundos comunitários ainda vêm agravar».
Na mesa redonda “Os fundos comunitários e a luta contra a pobreza e desigualdade no Alto Minho… um debate urgente!”, que aconteceu no Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo, marcaram presença a ADRIMINHO (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho), a UDIPSS (União Distrital das IPSS) e o Centro Distrital Segurança Social de Viana do Castelo.
Fátima Veiga, da EAPN Portugal, referiu que «o desenho dos programas regionais e nacionais aborda a questão da pobreza e da exclusão social apenas pela via do emprego». «Nós não somos assim tão lineares», frisou, dizendo que «temos muitas pessoas que trabalham mas que são pobres». «Em Portugal, o emprego é um bem raro e o emprego de qualidade é ainda mais raro», vaticinou.
S e m an ár i o A l t o M in h o «O facto de a CCDRN não estar cá é sintomático. É sintomático de que isto não interessa muito às instâncias que decidem os programas comunitários», lamentou, dizendo que «não estamos otimistas» com o novo quadro comunitário, que está muito atrasado e vai até 2020.
Também Manuela Coutinho, da Segurança Social vianense, destacou a pobreza existente, referindo que os pedidos de ajuda «batem-nos à porta constantemente». Realçou o isolamento dos mais velhos e o aumento da esperança média de vida, dizendo que é uma «falsa verdade» a ideia de que os idosos não se querem adaptar às novas tecnologias. A responsável considerou que as novas tecnologias «podem ser usadas para o bem-estar de todos», estreitando relações e reforçando laços entre «os mais velhos e os filhos que emigram».
Redação/Sónia Silva Sá Talvez porque «a luta contra a pobreza incomoda muita gente» bre o atraso dos fundos comunitários e no impacto que esse atraso está a ter nas respostas sociais», declarou Hélder Pena, dizendo que «as respostas e as instituições sociais estão a atravessar muitas dificuldades». «Numa altura em que as pessoas atravessam situações muito difíceis, as respostas es«Dados preocupantes» na educação de adultos Viana do Castelo acolheu Seminário de Orientação, Educação e Formação ao Longo da Vida V iana do Castelo acolheu, quinta-feira, o Seminário de Orientação, Educação e Formação ao Longo da Vida, um encontro que serviu para discutir «os dados preocupantes» sobre a educação de adultos, a nível nacional. Os Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional do território litoral, integrantes da Rede Integrada de Qualificação de Norte Litoral, promoveram o encontro que contou com vários convidados, para debaterem temas como “as correntes da Europa”, “Educação de Adultos, uma emergência social” e os “caminhos” para a formação ao longo da vida. Na abertura do seminário, José Luís Presa, presidente da Coopetape – Cooperativa de Ensino e diretor da ETAP – Escola Profissional, revelou que existe «um caminho muito grande para fazer no que toca a educação e formação ao longo da vida». «Foram dados passos gigantescos, principalmente depois do 25 de Abril de 1974, nesta matéria», declarou o responsável, assumindo, no entanto, que «não chega a quantidade, é preciso ter em conta a qualidade daquilo que se faz».
«O nosso panorama, em termos daquilo que são as qualificações dos adultos, é algo que nos deve preocupar a todos e que deve mobilizar todos para conseguirmos delinear uma estratégia», reforçou o dirigente. «Creio que só conseguimos reduzir o abandono e o insucesso escolar se tivermos alunos motivados na sala de aula. Para os motivarmos, temos de saber quais são os seus centros de interesse e as suas orientações pessoais e profissionais», declarou. «Tenho alunos que fazem 100 quilómetros por dia para vir estudar e não desistem. Tenho outros que moram a 500 metros da escola e, à primeira oportunidade, desistem», assumiu. Maria José Guerreiro, vereadora com o pelouro da Educação na Câmara de Viana, pediu a união entre as diferentes instituições, dizendo que para a definição de estratégias «é preciso ter escala». Acrescentou também ser «muito importante que a qualificação e o ensino profissional sejam discutidas com as autarquias».
Gonçalo Xufre, presidente da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, referiu que, até há uns anos, «segregava-se» a educação para adultos e frisou o facto de não se poder pensar em educação de adultos «voltando a sentar o adulto num banco de escola e tratando-o como se fosse um jovem de quinze anos».