11.12.15

Opinião – Banco Alimentar de Coimbra. Uma experiência notável!

In "Diário As Beiras"

1. O que é o Banco alimentar contra a fome

O telemóvel tocou de forma estridente no Café S. José, na Solum. Era um amigo, a convidar-me para ser voluntário no Banco Alimentar contra a fome de Coimbra, nesse fim de semana, num supermercado, da zona onde moro.

Pedi-lhe para me explicasse melhor o que é de facto o Banco Alimentar Contra a Fome. Respondeu-me, entusiasmado, que é uma IPSS (instituição particular de solidariedade social) ao serviço de outras instituições sem fins lucrativos que lutam contra a fome a nível nacional, cuja visão é um Mundo onde todas as pessoas tenham garantido o direito à alimentação.

O seu principal objectivo, prosseguiu, “é a luta contra o desperdício através das mais diversas formas, contando para o efeito com vários hipermercados. Complementarmente, para recolha de bens alimentares junto da população, promove duas campanhas por ano, uma em finais de Maio, outras em finais de Novembro”.

E sem que eu o pudesse interromper, acrescentou: “a nível nacional o Banco Alimentar divide-se por 21 distritos. O distrito de Coimbra encontra-se por sua vez subdividido em três áreas; Coimbra propriamente dita, Zona Ocidental (Cantanhede, Condeixa, Figueira da Foz, Mira, Montemor-o-Velho, Penela e Soure); Zona Oriental (Arganil, Góis, Lousã, Oliveira do Hospital, Miranda do Corvo, Penacova, Tabua, e Vila Nova de Poiares)”.

2. Em que é que posso ajudar?

Gostei do que ouvi e do seu entusiasmo, e enquanto o Senhor Cabral me trazia a bica cheia e um copo de água, perguntei : “Em que é que eu posso ajudar, nessa missão tão vasta e tão nobre?”

A resposta foi rápida e convincente; “É fácil, a recolha deste Natal é já no próximo fim de semana (sábado e domingo). Cada dia tem três turnos de duas pessoas cada, ( 9h às 13h; 13 às 17h, 17 às 21h). Escolhes um turno que te dê mais jeito e apareces lá à hora certa, disposto a trabalhar!”

“Às pessoas que forem entrando perguntas se querem contribuir para o Banco Alimentar (leite, azeite, óleo, atum, bolachas, grão, feijão, massas, cereais, salsichas). Às que disserem que sim entregas um saco para depois das compras to entregarem com os produtos que queiram dar”.

“Vais guardando num carro de mão e no fim do turno uma carrinha de recolha vem e leva os artigos doados para a central de armazenagem, próximo de Cernache”.

3. Na vida, há tempos de receber e outros de dar

Já tinha contribuído variadas vezes para o Banco Alimentar, como dador. Mas estar do lado de dentro como receptor e poder ajudar “mais um bocadinho” agradou-me!

E como “na vida há tempos de receber e há outros de dar!”, ali estava uma boa oportunidade para exercitar esta segunda vertente que por vezes tão esquecida anda, na luta do dia a dia! “Conta comigo”, disse-lhe eu.

Como o sábado estava preenchido com outras actividades, escolhi (ainda havia vaga) o turno da manhã (das 9h às 13h) de domingo, a tempo de ir almoçar e ver, de tarde, a Académica jogar contra o Arouca!

Estava longe de saber que iria viver uma experiência notável a nível da psicologia e da sociologia do nosso quotidiano. De tal forma notável que será objecto da próxima crónica.