1.3.17

ONU pede à Austrália que melhore proteção das mulheres vulneráveis

in Notícias ao Minuto

A ONU instou hoje a Austrália a melhorar a proteção das crianças e mulheres vulneráveis, incluindo as indígenas, requerentes de asilo, portadoras de deficiência e vítimas de violência doméstica.

No termo de uma visita de duas semanas à Austrália, a relatora especial da ONU sobre a violência contra a mulher, Dubravka Simonovic, afirmou, em conferência de imprensa, em Camberra, que ainda há uma lacuna significativa por sanar no que toca à igualdade de género e à violência contra as comunidades indígenas.

"As mulheres aborígenes e do Estreito de Torres [que separa a Austrália da Papua-Nova Guiné] enfrentam formas de discriminação institucional, sistemática, múltipla e cruzada. Ao sexismo e ao racismo soma-se uma discriminação de classe por causa do seu baixo estatuto socioeconómico, assim como uma exclusão social devido à sua localização regional ou remota", sublinhou.
Para Simonovic, estas formas de discriminação e exclusão geram "condições extremas" que derivam numa "alarmante prevalência" da violência contra as mulheres indígenas, as quais experienciam uma elevada taxa de violência doméstica, mais severa do que o resto das mulheres no país.

As mulheres indígenas australianas são 34 vezes mais suscetíveis de serem hospitalizadas por violência doméstica e uma probabilidade 3,7 superior de serem vítimas de agressões sexuais.

Simonovic também alertou para as práticas de separação das crianças aborígenes das suas famílias, recordando que as estatísticas mostram que esta franja da população é sete vezes mais propensa a que os seus pares não indígenas de estar ligada aos serviços de proteção de menores por negligência ou abuso.

Além disso, a relatora especial das Nações Unidas chamou a atenção, entre outros, para o grande número de mulheres indígenas na prisão, assim como para a sobrelotação das cadeias, para o confinamento solitário e falta de alternativas às sentenças, especialmente para as mulheres que têm filhos a seu cargo".

A representante da ONU também expressou preocupação pela elevada incidência de violência e abusos sexuais contra mulheres e meninas deficientes e para com as práticas de esterilização involuntária e forçada de mulheres com deficiências, segundo o texto enviado pelo Centro de Informação da ONU na Austrália à agência noticiosa espanhola Efe.

Simonovic sublinhou que a ONU criticou, por diversas vezes, o programa de refugiados da Austrália e que durante a sua visita lhe causou particular preocupação "os relatos graves e contínuos de violência contra mulheres e crianças, incluindo sexual".