Rita Robalo Rosa, in Expresso
Segundo um estudo da consultora imobiliária Savills, Lisboa e Singapura são as cidades mais pressionadas pelos estrangeiros, que escolheram essas localizações para viver e fizeram subir as rendas em localizações centrais
Lisboa é a cidade, numa amostra de 30 localizações em todo o mundo, que mais sente a pressão dos estrangeiros no crescimento do valor das rendas das casas em localizações centrais, segundo um estudo da consultora imobiliária Savills, noticiado esta quinta-feira pela “Bloomberg”.
De acordo com o estudo da consultora, em Lisboa as rendas prime cresceram 13,9% entre dezembro de 2022 e junho de 2023, numa altura em que cada vez mais estrangeiros se deslocam para a capital portuguesa para viver - seja por uns meses ou por longos períodos de tempo. O segundo maior aumento foi registado em Singapura, com 13,6%.
A subida é ainda maior se compararmos com junho de 2022. Os dados fornecidos ao Expresso pela Savills Portugal indicam um crescimento homólogo de 32,7%. E essa é a maior variação entre as 30 cidades analisadas pela Savills, seguida pelo crescimento de 32,3% de Singapura, pelos 23% do Dubai e pelos 12,7% de Berlim.
Lisboa tem sentido um grande afluxo de estrangeiros para a capital, tendo sido colocada por diversas vezes entre as melhores cidades para nómadas digitais, mas também devido ao programa de vistos gold.
A subida das rendas em Lisboa - e, no geral, em Portugal - foi um dos motivos que levaram o Governo a lançar o programa Mais Habitação, que foi aprovado na quarta-feira e que seguiu para Belém para ser promulgado pelo Presidente da República. Desde arrendar para subarrendar, até à penalização ao alojamento local, são várias as medidas que visam travar a subida dos preços e dar alojamento mais acessível à população.
O crescimento das rendas em Lisboa deu-se a um ritmo semelhante ao de Singapura (13,6% desde dezembro e 32,3% face ao mês homólogo). Mas estas duas cidades registaram subidas do valor das rendas muito superiores às restantes 28 cidades que são incluídas no Prime Residential World Cities Index.
A cidade que ocupa o terceiro lugar no crescimento das rendas em seis meses é Berlim (9,2%), seguida do Dubai (5,4%). Já no crescimento anual invertem posições, com as rendas no Dubai a crescerem 23% e em Berlim 12,7%.
Por outro lado, em Miami, Seoul, São Francisco e Shenzhen o valor das rendas caiu desde dezembro. Nas últimas duas até houve um recuo das rendas face a junho de 2022.
Em Madrid, por exemplo, as rendas subiram 5,8% em termos homólogos e 2,9% em comparação com dezembro de 2022. Em Londres avançaram 5,7% e 1,9%, respetivamente.