Mensagem foi enviada pelo chefe de gabinete da secretaria Regional da Educação dos Açores e levou à apresentação de uma queixa-crime por ameaça. Na origem de tudo está o livro “ Jénifer, Ou A Princesa da França”
“Ah e só mais uma coisa: se acontecerem algumas coisas menos agradáveis para ti, poderei ter sido eu”: foi esta a mensagem enviada pelo Messenger do Facebook que levou o escritor Joel Neto a apresentar uma queixa por ameaça contra António Bulcão, chefe de Gabinete da Secretaria Regional da Educação dos Açores.
“A referida mensagem faz-me recear pela minha segurança, bem como pela segurança da minha mulher, Marta Cruz Neto, e do meu filho, Artur Cruz Neto, de apenas sete meses e meio, e cujos nomes, aliás, foram textualmente utilizados no decurso da referida série de mensagens”, denuncia o escritor na queixa a que o Expresso teve acesso. “Tanto quanto sei, (…) António Bulcão é (ou foi) caçador, pelo que suponho que, como tantos caçadores e ex-caçadores, disponha de armas de fogo em casa”, descreve o escritor.
Segundo Joel Neto, o envio de mensagens “hostis” e “insultuosas” terá começado em fevereiro, depois da publicação do livro “Jénifer, Ou A Princesa da França”, em que a pobreza endémica da região é denunciada. A ameaça surgiu depois de a RTP ter exibido uma reportagem baseada no livro. Primeiro, Bulcão terá dito: “Vais ter de levar comigo. Tenho pena.” E depois concretizou a alegada ameaça.
“Caso eu tivesse de arriscar uma avaliação diria tratar-se de uma pessoa que não se encontra emocionalmente bem”, diz o queixoso, para quem isso é atestado pelo “facto de a ameaça constante nesta denúncia ter sido enviada por escrito, circunstância tão surpreendente num advogado de profissão”. Neto fez “printscreens” das mensagens que anexou à queixa.
“Evidentemente, e tendo em conta que as palavras escolhidas não são suficientemente substantivas para esclarecer as “coisas menos agradáveis” que me possam acontecer, não se pode excluir a possibilidade de António Bulcão estar a referir-se, antes, ao uso da máquina do Estado, a que tem acesso enquanto membro de primeira linha da equipa que acompanha o Governo Regional, para me atingir”, constata o escritor na queixa.
O Expresso contactou Joel Neto que não quis prestar declarações, mas confirmou a apresentação da queixa no MP dos Açores. A assessoria da Secretaria Regional da Educação informou que António Bulcão “não” pretende reagir à queixa.
Bulcão foi professor de Neto no ensino secundário e os dois tinham uma relação “formal” de amizade que terá começado quando o jornalista e escritor decidiu regressar aos Açores para aí viver. A amizade arrefeceu com a publicação do livro.
“A minha queixa também tem a motivação secundária de defender o exercício da opinião livre nos Açores, por parte de jornalistas ou de cidadãos mais ou menos anónimos. É difícil aceitar que o Governo dos Açores seja aquele em que se pode recorrer a tais métodos de coação.”
“Ah e só mais uma coisa: se acontecerem algumas coisas menos agradáveis para ti, poderei ter sido eu”: foi esta a mensagem enviada pelo Messenger do Facebook que levou o escritor Joel Neto a apresentar uma queixa por ameaça contra António Bulcão, chefe de Gabinete da Secretaria Regional da Educação dos Açores.
“A referida mensagem faz-me recear pela minha segurança, bem como pela segurança da minha mulher, Marta Cruz Neto, e do meu filho, Artur Cruz Neto, de apenas sete meses e meio, e cujos nomes, aliás, foram textualmente utilizados no decurso da referida série de mensagens”, denuncia o escritor na queixa a que o Expresso teve acesso. “Tanto quanto sei, (…) António Bulcão é (ou foi) caçador, pelo que suponho que, como tantos caçadores e ex-caçadores, disponha de armas de fogo em casa”, descreve o escritor.
Segundo Joel Neto, o envio de mensagens “hostis” e “insultuosas” terá começado em fevereiro, depois da publicação do livro “Jénifer, Ou A Princesa da França”, em que a pobreza endémica da região é denunciada. A ameaça surgiu depois de a RTP ter exibido uma reportagem baseada no livro. Primeiro, Bulcão terá dito: “Vais ter de levar comigo. Tenho pena.” E depois concretizou a alegada ameaça.
“Caso eu tivesse de arriscar uma avaliação diria tratar-se de uma pessoa que não se encontra emocionalmente bem”, diz o queixoso, para quem isso é atestado pelo “facto de a ameaça constante nesta denúncia ter sido enviada por escrito, circunstância tão surpreendente num advogado de profissão”. Neto fez “printscreens” das mensagens que anexou à queixa.
“Evidentemente, e tendo em conta que as palavras escolhidas não são suficientemente substantivas para esclarecer as “coisas menos agradáveis” que me possam acontecer, não se pode excluir a possibilidade de António Bulcão estar a referir-se, antes, ao uso da máquina do Estado, a que tem acesso enquanto membro de primeira linha da equipa que acompanha o Governo Regional, para me atingir”, constata o escritor na queixa.
O Expresso contactou Joel Neto que não quis prestar declarações, mas confirmou a apresentação da queixa no MP dos Açores. A assessoria da Secretaria Regional da Educação informou que António Bulcão “não” pretende reagir à queixa.
Bulcão foi professor de Neto no ensino secundário e os dois tinham uma relação “formal” de amizade que terá começado quando o jornalista e escritor decidiu regressar aos Açores para aí viver. A amizade arrefeceu com a publicação do livro.
“A minha queixa também tem a motivação secundária de defender o exercício da opinião livre nos Açores, por parte de jornalistas ou de cidadãos mais ou menos anónimos. É difícil aceitar que o Governo dos Açores seja aquele em que se pode recorrer a tais métodos de coação.”