11.7.07

ndices de dependência de idosos deverão acentuar-se em todo o país

Ana Cristina Pereira, in Jornal Público

A população da União Europeia será menor em 2031. Pelas previsões do Eurostat, 101 regiões (num total de 197) serão afectadas por esta tendência de quebra. O Algarve merece destaque por estar entre as que mais lhe escaparão (por via da imigração).
As projecções indicam um crescimento populacional nas regiões da Europa Ocidental e do Norte (com algumas excepções). As do Sul experimentarão uma natureza dual. E haverá um declínio nas da Europa de Leste e Central.

O diagnóstico é conhecido, consta dos manuais de geografia. No rescaldo do baby-boom do pós-II Guerra Mundial, a subida da esperança média de vida conjugou-se com a diminuição das taxas de natalidade. Na União, o futuro agudizará o peso da população com mais de 65 anos. Em Portugal, a população idosa passará de 1,761 milhões em 2004 para 2,591 em 2031. A região Norte (a mais populosa) concentrará o maior número (909 mil).

De acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, o índice de dependência de idosos, isto é, o rácio número de idosos/número de jovens (0 aos 14 anos), subiu de 19,2 em 1987 para 25,6 em 2006. Conforme as previsões do Eurostat, atingirá os 39 por cento em 2031.
A percentagem varia de região para região. O Algarve (28 para 43,8), o Alentejo (35,6 para 42,5), Lisboa (23,4 para 40,5) e o Centro (30,3 para 39,9) serão as regiões com
maior índice em 2031. Embora seja expectável que o Norte (a zona mais povoada do país) se mantenha abaixo da média nacional, tudo se conjuga para uma mudança acelerada (21,2 para 37,7). Apenas as regiões autónomas manterão um índice abaixo dos 30 por cento. Mas atenção: tanto uma como outra sofrerão um considerável aumento do peso dos cidadãos com mais de 65 anos (18,8 para 27,4 nos Açores e 19,8 para 28,9 na Madeira).
"Não há forma de evitar o envelhecimento, a questão é desacelerá-lo", comenta o geógrafo João Peixoto. Uma forma de o fazer é com a imigração, mas isto só funciona "a curto prazo", já que os imigrantes tendem a fixar-se e a envelhecer nos países de acolhimento. Não é de esperar, acredita, um outro baby- boom. "Tem de haver integração de medidas", receita, referindo-se a políticas de imigração controlada, mas também ao incentivo directo à natalidade, a formas de conciliar a vida pessoal, com a vida familiar e a vida laboral...

Segundo o Eurostat, a imigração desempenhará um papel decisivo nas alterações da população: constituir-se-á como o único (ou o mais forte) factor em 85 das 96 regiões europeias com previsão de crescimento. Esta tendência deverá verificar-se, sobretudo, no Sul de Portugal, de Espanha, Grécia, Alemanha, Finlândia e Suécia e no Norte de Itália, Irlanda, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Depreende-se que o crescimento do Algarve (de 405 mil para 483 mil habitantes) se fará à custa da imigração. Com mais de 65 anos, a julgar pelo já referido índice de dependência dos idosos (28 para 43,8 por cento).