10.7.07

Idosos já superam jovens

Alfredo Maia, in Jornal de Notícias

Envelhecimento supera as previsões oficiais, garante o INE


A população portuguesa está a aumentar à custa da migração, mas está a envelhecer tão rapidamente que nos próximos 25 anos o número de idosos poderá ser superior em mais do dobro ao número de jovens, de acordo com um cenário das projecções para o período 2000-2050.

Segundo o "destaque" publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na antevéspera do Dia Mundial da População, o número de idosos duplicou nos últimos 20 anos, mas as taxas de natalidade diminuíram e as mulheres passaram a ter menos filhos e em idade mais avançada, enquanto a longevidade aumentou, fazendo alargar o topo da pirâmide etária.

O documento vinca que, entre 1987 e 2006, o número de indivíduos com mais de 65 anos de idade passou de 19 para 26 em cada 100 residentes. No primeiro ano do período considerado, por cada 100 jovens havia 56 idosos. No final de 2006, havia 112 idosos por cada 100 jovens. Assim, a percentagem de jovens baixou de 22% em 1987 para 15% em 2006, enquanto o grupo de idosos subiu de 13% para os 17%.

Devido à redução da natalidade e ao aumento da esperança média de vida, que passou de 73,8 anos em 2007, para 78,5 anos em 2005/2006, duplicou a percentagem de idosos com mais de 80 anos, passando de 2% em 2007 para 4% em 2006 do conjunto da população residente.

Nas últimas duas décadas, a taxa de natalidade desceu de 12,2 por mil para 10 por mil, enquanto as taxas de mortalidade se têm mantido abaixo daquelas, oscilando entre os 9,5 por mil e os 10 por mil, precisa o INE.

O organismo observa também que as mulheres residentes em Portugal passaram a ter filhos mais tarde. Em 1987, explica, era nos grupos etários dos 20 aos 40 anos (98,2 por mil) e dos 25 aos 29 anos (102,3 por mil) que se verificavam os valores mais elevadas das taxas de fecundidade. Acontece que em 2005 e 2006 o grupo dos 30 aos 34 anos registou as taxas de fecundidade mais elevadas (85,3 por mil e 83,8 por mil, respectivamente).

Nascimentos retardados

Os dados permitem concluir que, nos últimos 20 anos, as mulheres retardaram o nascimento de um filho em três anos, pois enquanto em 1987 davam à luz numa idade média de 26,8 anos, em 2006 a maternidade passou a ocorrer em média aos 29,9 anos.

O INE indica que a população residente no país aumentou 573 880 indivíduos desde 1987, situando-se nos 10 599 095 pessoas em 31 de Dezembro de 2006, devido sobretudo à evolução da componente migratória, especialmente entre 1993 e 2002.

De acordo com a Divisão da População da Organização das Nações Unidas, a população mundial terá atingido os 6,7 mil milhões de seres humanos em Junho passado. Calcula-se que aumente mais 2,5 milhões nos próximos 43 anos, atingindo os 9,2 mil milhões em 2050.