in Diário Digital
O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou hoje na Turquia que «a ausência de esperança e a intolerância» alimentam os sentimentos de exclusão e criam o campo propício para o aparecimento das «forças de terror».
O discurso de Cavaco Silva foi proferido perante a Grande Assembleia Nacional turca, onde apenas quatro líderes políticos falaram até hoje: o presidente de Israel, o presidente da Autoridade Palestiniana e os presidentes norte-americanos Bill Clinton e Barack Obama.
«A fome, a pobreza, a injustiça, a impunidade perante comportamentos claramente reprováveis, a ausência de esperança e a intolerância alimentam os sentimentos de exclusão e de humilhação e favorecem a eclosão de conflitos», alertou.
Sem especificar destinatários para a sua mensagem, o chefe de Estado português avisou que é neste cenário que «as forças do terror encontram o campo propício para espalhar a sua lógica inaceitável e inegociável de morte e de destruição».
Por isso, o Presidente da República defende a coordenação internacional como a melhor forma de «prevenir conflitos entre nações e combater as suas causas e efeitos», de combater o terrorismo, promover o desarmamento e facilitar a antecipação de crises.
«É neste quadro que sobressaem, com particular vigor, para nós, europeus, as vantagens da União Europeia», disse.
No seu discurso de oito páginas perante o parlamento turco, Cavaco defendeu que, para vencer os grandes desafios do nosso tempo, «a Europa precisa da Turquia».
«Com a adesão da Turquia (…) A União Europeia ganha uma acrescida importância estratégica, que lhe permitirá actuar com um peso muito superior em sectores fundamentais para o seu destino colectivo», disse, dando como exemplos os campos da energia e da política externa.
No entanto, o chefe de Estado português salientou que «a Turquia precisa, também ela, da Europa».
«A integração plena na União Europeia permitirá à Turquia consolidar o seu processo de desenvolvimento e modernização e garantir-lhe-á uma projecção internacional ainda maior», disse.
Lembrando o processo da adesão de Portugal, concretizado em 1986, Cavaco Silva recordou-o como «longo e complexo», tendo enfrentado múltiplas resistências.
«Tivemos de cumprir com critérios de adesão exigentes. Em nome deles, foi necessário adaptar estruturas, muitas vezes de forma radical, transpor um volume impressionante de legislação comunitária, introduzir reformas profundíssimas», recorda.
«Hoje não tenho qualquer dúvida em dizer que valeu a pena», acrescentou.
Contudo, Cavaco Silva alertou que a realidade dos dois países é bem diferente e deixou um pedido às autoridades turcas.
Peço-vos, por isso, que tomem o que aqui digo sobre a nossa própria experiência não como lições que não teriam cabimento, mas como palavras de um amigo, que gostaria de vos ter à mesa das decisões europeias», apelou.
Diário Digital / Lusa


