in Jornal de Notícias
Portugal cresceu, no segundo trimestre, 0,6% face aos primeiros três meses do ano, e 1,7 por cento sobre o período homólogo, e deverá crescer 0,1% em 2011, segundo a Folha Trimestral de Conjuntura do NECEP.
O documento, hoje, quarta-feira, divulgado pelo Núcleo de Estudos de Conjuntura da Universidade Católica (NECEP), revê em alta o valor previsto para o crescimento da economia portuguesa este ano, de 0,5 por cento para 1,2%, mas revê em baixa a evolução da economia no próximo ano, reduzindo a previsão, de 1%, para 0,1%.
"Este valor traduz uma forte revisão em baixa face à estimativa de Abril (1%), resultado de um efeito base desfavorável (forte crescimento do PIB na primeira metade de 2010) e das limitações orçamentais e financeiras", lê-se no Sumário Executivo da Folha Trimestral.
O coordenador do NECEP, João Borges Assunção, sublinhou à Lusa que "esta previsão [de crescimento de 0,1 por cento em 2011] assenta em três efeitos", que passam não só pela comparação desfavorável com o "bom desempenho" do primeiro semestre deste ano, que arrasta o valor para baixo, mas também pelas "limitações orçamentais implementadas a partir do segundo semestre de 2010 e pelo agravamento de taxas de juro e limitações de financiamento à economia portuguesa".
No documento hoje divulgado, explica-se que o crescimento de 0,6 por cento no segundo trimestre, uma descida para quase metade face ao primeiro trimestre, "fica a dever-se, em parte, a um 'efeito de antecipação', decorrente do aumento de impostos em Julho", mas os responsáveis acrescentam que o abrandamento do crescimento da economia portuguesa "parece reflectir também uma melhoria efectiva da situação económica, nomeadamente uma recuperação relativa do investimento e, sobretudo, uma aceleração no ritmo de crescimento das exportações".
Contudo, acrescentam, "o cenário positivo verificado na primeira metade de 2010 dificilmente se irá manter no resto do ano, devido às limitações impostas pela situação orçamental e ao recente agravamento das condições de acesso ao crédito".
O abrandamento da economia na segunda metade do ano pode até levar a variações negativas, alertam os responsáveis: "Esta projecção [1,2 por cento no total do ano] tem subjacente uma forte desaceleração da economia portuguesa na segunda metade de 2010, não sendo de excluir o regresso a um cenário de 'recessão técnica'" - dois trimestres seguidos de crescimento negativo.
"Os aumentos de impostos a meio do ano, e de forma algo inesperada, podem redistribuir a atividade económica no ano de forma significativa. Parte do forte abrandamento antecipado para o segundo semestre é provocado por esta preocupação", salienta à Lusa o professor de Economia na Católica, acrescentando que "o desempenho da economia portuguesa em 2011 vai estar muito dependente da recuperação externa e da capacidade deste efeito se sobrepor aos efeitos negativos das limitações orçamentais e de financiamento da economia portuguesa".


