in Jornal de Notícias
A crise obrigou alguns portugueses a abdicar das férias e levou outros a reduzir os dias e a fazer planos económicos
Saiu tudo ao contrário dos planos de Cavaco Silva. O Presidente apelou aos portugueses que fizessem férias em Portugal para dar uma ajuda à economia. Mas, de acordo com a sondagem da Universidade Católica para o DN, JN, Antena 1 e RTP, o número de portugueses que planeiam ir para o estrangeiro não só não caiu como subiu dois pontos percentuais, de 5% para 7%, face ao que dizem ter feito no ano anterior.
Outra mudança a destacar é o aumento do número dos portugueses que dizem não ir fazer férias. Foram 42% em 2009. Este ano, esse número subiu oito pontos, para 50%.
Em contrapartida, 46% confirmam que vão gozar do seu descanso anual. E, embora o Verão já tenha chegado, 4% dos inquiridos confessam não saber ainda o que vão fazer com as férias.
Entre Março e Junho, o Governo de José Sócrates anunciou o reforço das medidas de austeridade para responder à pressão internacional sobre a dívida portuguesa.
A revisão do Programa de Estabilidade e Crescimento levou a um aumento generalizado de impostos - medidas consideradas "recessivas" pelo Governo - e que fizeram cair o índice de confiança dos consumidores.
Como consequência, os portugueses viram-se a repensar os seus planos de férias. Em relação a 2009, a maioria dos inquiridos reduziu a duração das suas férias. Onze por cento garantem que vão menos de uma semana e 19% menos de quinze dias. Apenas 6% admitem gozar entre 16 e 29 dias de férias - a lei dá o direito a gozar 25 dias por ano.
Endividados
Além de reduzir nos dias, há que cortar nos gastos. Vinte e dois por cento dos inquiridos garantem que vão gastar menos nas suas férias de 2010 em comparação com o ano anterior. Já 18% respondem o mesmo e 5% vão contra a corrente e confessam que gastarão mais. Os outros 50% não vão de férias.
Metade dos inquiridos revelou que descontadas as suas despesas não lhes sobra dinheiro no final do mês. Até 10% do ordenado foi a resposta de dois em cada dez inquiridos.
Questionado sobre se têm créditos contraídos, 37% dos inquiridos reconheceu que sim. Habitação (29%), automóvel (8%) são os fins mais comuns dos empréstimos dos portugueses, seguidos de outras despesas (3%) e equipamentos para a casa (2%). Nenhum dos inquiridos diz ter-se endividado para pagar as férias.
As dívidas cobrem entre 11% a 25% do rendimento mensal de 13% dos inquiridos, e entre um quarto e metade do rendimento de 11%. Só quatro porcento tem mais metade do rendimento afecto ao pagamento de empréstimos.