Por Raquel Martins, in Jornal Público
A economia portuguesa está entre as que mais empregos perderam do primeiro para o segundo trimestre de 2010. Durante este período, o emprego recuou 0,6 por cento, a terceira maior quebra da União Europeia (UE), tendo sido destruídos 31 mil postos de trabalho. Pior que Portugal só a Estónia e a Grécia, que registaram perdas de 1,3 e 0,9 por cento.
Em reacção aos números ontem divulgados pelo Eurostat, o ministro da Economia, Vieira da Silva, alertou que, apesar dos sinais de recuperação, "infelizmente, teremos que esperar um pouco para que esse tipo de recuperação tenha efeitos na área do emprego".
Ao contrário do que aconteceu em Portugal, o Eurostat dá conta de uma estabilização do mercado de emprego tanto na UE como na Zona Euro, devido ao aumento do emprego nos serviços financeiros e nos sectores público, da saúde e da educação. A recuperação do mercado de trabalho está a ocorrer, sobretudo, na Letónia e na Polónia, que registaram um aumento dos postos de trabalho de 1,3 e 1,1 por cento. Na Alemanha, França e Reino Unido as empresas também começam a dar sinais de que estão a contratar, embora de forma mais ténue.
Em termos anuais, o emprego continua a aumentar mas o Eurostat dá conta de um abrandamento generalizado. Na UE e na área do euro, o mercado de trabalho recuou 0,6 por cento, valor que se compara com as quebras de 1,2 e 1,5 por cento registadas anteriormente. Em Portugal, o emprego teve um decréscimo de 1,5 por cento, tendo-se destruído perto de 74 mil postos de trabalho no espaço de um ano.
Os dados do Eurostat revelam uma quebra do emprego entre os dois primeiros trimestres superior à apurada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que davam conta de uma evolução negativa de 0,3 por cento. Já na análise anual, o organismo de estatísticas europeu apresenta dados mais positivos face à quebra de 1,7 por cento apurada pelo INE. Esta diferença deve-se à metodologia utilizada pelo organismo europeu, que utiliza os dados do INE e o desemprego registado pelos centros de emprego.


