17.9.10

Empresários cristãos apelam ao reforço da ética colectiva

Alexandra Serôdio, in Jornal de Notícias

O secretário geral da Associação Cristã de Empresários e Gestores considerou ontem que as empresas “são a chave do combate à pobreza”, defendendo mais apoios do Estado, que “deve combater urgentemente o seu desperdício”.

“O que dá vitalidade a um país, a uma economia, é a criação de riqueza e quem cria riqueza são as empresas , são as instituições que se envolvem em criar coisas novas”, afirmou ontem, quinta-feira, Jorge Líbano Monteiro, adiantando que, na sua opinião, “a chave do combate à pobreza é nitidamente pelo mundo empresarial”.

“Se tivéssemos pleno emprego, empresas preocupadas com a conciliação família e trabalho, dando a capacidade às famílias de poderem acompanhar os seus filhos, acompanhar os mais velhos; se tivéssemos empresas que se preocupassem com as condições de vida, com todos os critérios éticos que gostaríamos, as questões sociais adjacentes ou consequentes da falta delas seriam muito diferentes”, disse o responsável, que participou na XXVI Semana da Pastoral Social, que ontem terminou em Fátima.

Admitindo que actualmente o mundo empresarial ?está confrontado com imensos problemas?, Jorge Líbano Monteiro considerou que o apoio social ?é importante? porque ?no fundo vem ao encontro de falhas que as empresas não conseguiram aguentar?.


“O Estado tem de se preocupar em apoiar as pessoas que necessitam porque realmente necessitam mesmo”, defendeu o secretário-geral da ACEG, acusando o Estado de estar a fazer “demasiados cortes na parte social” e “num conjunto de pessoas em situações demasiado carentes” e “não devia fazê-lo”.

“Se o Estado combatesse o seu próprio desperdício, se combatesse o desperdício que faz nos institutos públicos, nas fundações, na própria gestão de todos os funcionários públicos, teria dinheiro para as pessoas que realmente precisam, e tinha dinheiro para apoiar também as empresas” considerou o empresário.

Líbano Monteiro admitiu ainda ser ?possível e desejável? conciliar a ética com a vida empresarial. ?A recente crise demonstrou que as empresas que viveram a sua história de forma mais ética, foram aquelas que resistiram melhor ao próprio colapso de todo esse sistema?, disse o responsável, adiantando que a questão ética ?é essencial para as empresas?.

Para o secretário-geral da ACEG, “as empresas que forem éticas têm mais probabilidade de sustentabilidade ao longo dos anos”. “Quem olha para a empresa como uma comunidade de pessoas e que quer ter a sustentabilidade ao longo dos anos, a ética é a única solução”, assegurou.

Já o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social defendeu que “só uma revolução na mentalidade dos gestores e dos agentes políticos” provocará uma “mudança profunda do estilo de vida” e “implicará compromisso comunitário”. D. Carlos Azevedo defendeu a inovação de caminhos coesos para “ir ao encontro de soluções justas e dignas”.