15.9.10

Ministra da Cultura fala em "colapso" do Estado social

Por Vanessa Rato, in Jornal Público

O ano, antes das férias, acabou mal na Cultura - com fortes contestações às medidas de contenção e avanços e recuos na aplicação destas; ontem, a nova temporada começou com um alerta: nas suas primeiras declarações públicas, a um mês da entrega do Orçamento de Estado (OE) de 2011 na Assembleia, Gabriela Canavilhas chamou a atenção para o "colapso iminente do Estado social" nos países europeus, defendendo, de novo, a urgência de "minimizar" a dependência das estruturas do sector em relação a financiamentos do Estado.

No arranque de um seminário sobre gestão cultural que decorreu no CCB, em Lisboa, Canavilhas, que não quis prestar declarações sobre o OE, sublinhou que "os défices públicos estão a obrigar a repensar o financiamento". A ministra recordou que, no caso português, a criação do Ministério da Cultura e a entrada de fundos comunitários criaram uma "época dourada" nos anos 1990, mas que esse período viria a redundar no "aumento de despesas de funcionamentos das estruturas" apoiadas.

Canavilhas, que em Junho, na altura do anúncio dos cortes na Cultura, falou de 2011 como um ano para maior optimismo, assegurou ontem à agência Lusa que "o Ministério da Cultura continuará a ser o garante da actividade cultural nuclear do país", mas pediu também "uma reflexão conjunta produtiva que possibilite criar formas alternativas de financiamento" do sector. "Os cortes de despesa pública nos países europeus demonstram que o Estado social encontrou o seu limite, mas há outras formas de dar segurança ao sector artístico e minimizar a dependência em relação ao Estado."