16.9.10

Objectivos do Milénio estão aquém das expectativas

Por Jeniffer Lopes, in Jornal Público

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio não serão cumpridos até 2015, prazo estabelecido há dez anos


Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) não serão alcançados até 2015. Faltam cinco anos para cumprir as promessas feitas e, apesar do que já foi conseguido, muito dificilmente os objectivos serão plenamente atingidos. Inês Rosa, vice-presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), afirma que, apesar de assim ser, "é preciso continuar a investir e redobrar esforços para atingir os objectivos fixados".

Em 2000, os 189 Estados-membros da Assembleia Geral das Nações Unidas assinaram a Declaração do Milénio e aceitaram os oito ODM. Até 2015, teriam de erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar a educação primária universal, promover a igualdade do género e capacitar as mulheres, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/sida, a malária e outras doenças, assegurar a sustentabilidade ambiental e desenvolver uma parceira global para o desenvolvimento. Dez anos depois, os líderes mundiais juntam-se na cimeira da ONU em Nova Iorque, entre 20 e 22 de Setembro, para realizar o balanço.

Segundo Inês Rosa, "algumas zonas do mundo progrediram imenso, enquanto noutras é preciso investir um esforço suplementar". O balanço que será feito na cimeira de Nova Iorque incidirá, como acredita a vice-presidente do IPAD, nos objectivos "que foram bem estabelecidos" e nos resultados positivos que têm sido conseguidos.

Sobre a contribuição portuguesa para o cumprimento dos ODM, Inês Rosa afirma que "está centrada nos países mais pobres, nomeadamente nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e as ajudas têm sido dadas em função daquelas que são as necessidades de cada país".

A crise económica e financeira foi um dos factores que vieram dificultar o cumprimento dos ODM. "A crise mundial teve um impacto muito grande, quer nos países que recebem as ajudas, quer nos países dadores", afirma a vice-presidente do IPAD.

Apesar das dificuldades que Portugal tem de enfrentar internamente, para Inês Rosa os ODM são uma prioridade. "Eles fazem parte da gestão económica mundial", sublinha a vice-presidente do IPAD, acrescentando que "não é tolerável que se viva em condições tão deploráveis como é o caso nalguns países". E Portugal tem muito a ganhar com os ODM. Segundo Inês Rosa, "investir nos países que precisam de apoios é também investir nas comunidades portuguesas nesses países e nos negócios que as empresas de cá podem desenvolver lá fora".