8.9.10

USB contra as desigualdades

Patrícia Sousa, in Correio do Minho

Desemprego, desigualdades, exclusão social, salários em atraso, violação dos direitos dos trabalhadores e destruição do tecido produtivo da região continuam a ser sinónimo “da autêntica desgraça política e social promovida pelo Governo PS e da inércia da Autoridade para as Condições de Trabalho e da fiscalização da Segurança Social”.

Perante este cenário, Adão Mendes, coordenador da União de Sindicatos de Braga (USB) que falava ontem à tarde, durante o plenário distrital que decorreu em plena Avenida Central, apelou a novos métodos de luta, aproveitando ainda para denunciar mais “irregularidades”, “desigualdades” e “injustiças”.

E deixou o pedido aos trabalhadores para participarem na luta do próximo dia 29 com greves sectoriais, seguida de uma manifestação no Porto.“Temos que tomar medidas o mais rápido possível para que esta situação seja invertida”, frisou aquele responsável sindical, admitindo que “ou se inverte esta situação ou se vai pagar bem caro”. E foi mais longe: “há injustiças gritantes e resta perguntar para onde é que vamos? Que distrito é que querem ter se não tivermos aparelho produtivo?”.

Para Adão Mendes é claro que “há um crescente número de desempregados e não há dúvidas nenhumas que muitos jovens estão a ficar completamente excluídos do mundo do trabalho”.

Para piorar a situação, Adão Mendes alertou para o que se passa com os emigrantes. “A emigração tem atenuado muitas destas situações, mas acabamos de saber que estão a regressar dezenas de trabalhadores de Angola que foram apenas há meio ano. A emigração para Angola terminou e a emigração para outros países está saturada e isso vai acarretar graves problemas”.

A situação que se vive “exige que sejam tomadas medidas para impedir a destruição do aparelho produtivo”, alertou aquele responsável. E exemplificou: “há empresas que estão a encerrar porque têm problemas de liquidez com os combustíveis, com a energia, bem como outros meios, que o próprio Estado tem obrigação de ajudar”. Mas há mais: “existem entidades patronais que pela inércia da Inspecção de Trabalho, da Inspecção da Segurança Social fazem o que querem e encerram as empresas de forma selvagem com aviso por telefone e papel à porta da empresa” .

Para o coordenador da USB “há realidades no país que são completamente inaceitáveis e inadmissíveis num país da União Europeia”.

E Adão Mendes foi mais longe: “é inaceitável que o Governo tenha decidido em Julho cortar todos os subsídios sociais de desemprego e de rendimento social de inserção procurando que todas as pessoas façam nova prova dos seus rendimentos. Devia ser feito ao contrário”.

Para o sindicalista “o Governo publicou uma lei muito mal feita, porque se anda atrás das pessoas que são pobres”, denunciando que “só em meio ano, mais de 30 mil milhões foram colocados em paraísos fiscais, sem pagar impostos”.

Tudo isto só contribui, de acordo com Adão Mendes, para mais desigualdades. “Os critérios para cortar os subsídios são inadmissíveis. E no Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social o Governo decide que as pessoas que vivem debaixo das mesmas telhas o rendimento per capita deve ser dividido por todos”.

Adão Mendes assegurou, ainda, que há dezenas e dezenas de casos. “Basta ir à Segurança Social todos os dias de manhã e aquilo parece que há uma manifestação à porta. Há pessoas que devem renda desde Maio, não pagam o ATL, não têm dinheiro para pagar os livros e vão vivendo de caridade. E são pessoas que trabalham, essencialmente mães solteiras, viúvas, divorcia-
das e famílias com problemas de exclusão”.

Mais 2500 com salários em atraso

O coordenador da União de Sindicatos de Braga (USB), Adão Mendes, admitiu que “só no mês de Agosto, e há empresas que ainda vão retomar a laboração daqui a dias, ficaram mais 2300 a 2500 trabalhadores com salários em atraso”.
Adão Mendes assegurou que “muitas empresas vão encerrar”. E exemplificou: “a Orfama e a French já despediram 322 trabalhadores, uns para a semana, outros em Novembro e outros até final do ano”.

No entanto, alertou aquele sindicalista, “as empresas estão a despedir os trabalhadores, mas em Junho andaram a tirar equipamentos da fábrica e ninguém sabe para onde os levarem e também ninguém quer saber. Foram feitas queixas e não se sabe nada. É só ilegalidades e não querem saber. Amanhã fecham a empresa e não há matéria-prima para pagar os salários a estes trabalhadores”.