2.12.10

Desigualdades: Salários e escolarização dos portugueses mostram cada vez maior distância face à Europa

in Correio do Minho

O rendimento e a escolarização dos trabalhadores portugueses estão muito aquém da média da União Europeia e a situação tornou-se um ciclo vicioso que leva à pobreza, defendeu hoje o coordenador do livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores”.

O livro, que será apresentado hoje pelo Observatório das Desigualdades no ISCTE, em Lisboa, é baseado em indicadores tanto portugueses como europeus e mostra que “a distância que Portugal tem em relação a outros países é muito grande”, avançou à agência Lusa Renato Miguel do Carmo.

“Quando estamos a comparar-nos com outros países, percebemos que a nossa situação é deveras preocupante. A distância que nós temos em relação a outros países é muito grande, tanto em termos de rendimento como ao nível da escolarização”, explicou o responsável do Observatório das Desigualdades.

Duas características da sociedade portuguesa que, segundo o coordenador, são tendências estruturantes.

“Portugal sempre se caracterizou por ter salários baixos e, portanto, ter um contrato de trabalho estável não quer dizer que tenha um rendimento razoável. Há muita gente emprega da em situação de pobreza”, referiu.

Além disso, a taxa de escolarização também é “muito preocupante”, já que “dois terços da população ativa não tem mais que a escolaridade obrigatória”, acrescentou.

“E a questão que pomos é: com a crise, em que medida é que estas tendências estruturais se vão agravar? O desemprego já é um sinal preocupante desse agravamento”.

Os baixos salários e a diminuta escolaridade dos portugueses são, segundo Renato Miguel do Carmo, “os dois grandes motores das desigualdades em Portugal” e “um ciclo vicioso que tem repercussões ao nível da pobreza, do desemprego, da mobilidade social e o que nós queremos é chamar a atenção para este carácter de permanência das desigualdades”, concluiu.

O livro, que será apresentado às 18:00 no ISCTE, em Lisboa, vai ser tema de reflexão para o ex-presidente da República e atual Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações Jorge Sampaio e do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e professor de Direito Diogo Freitas do Amaral.