25.1.11

Alerta da OIT - Retoma não está a gerar mais emprego

in Jornal Público

A economia mundial está em recuperação, mas esse ritmo de crescimento ainda não teve reflexos no mercado de emprego, alertou ontem a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em 2010, havia, espalhados por todo o mundo, 205 milhões de desempregados, um número idêntico ao do ano anterior, segundo as contas da instituição.

Esta manutenção dos indicadores do desemprego (a taxa para a economia global continua nos 6,2 por cento) contrasta, segundo a OIT, com uma clara recuperação dos principais indicadores económicos - produto interno bruto, consumo privado, investimento empresarial e comércio mundial. "Todos eles recuperaram, ultrapassando mesmo os níveis anteriores à crise financeira mundial", afirma a organização no relatório Tendências Globais do Emprego, divulgado ontem.

O cenário não é, todavia, extensivo a todas as regiões do globo. Nos países desenvolvidos e na União Europeia, assinala a OIT, a tendência continua a ser a de aumento declarado do desemprego, enquanto nos países em desenvolvimento o panorama é de estagnação ou de ligeiro crescimento do número de pessoas que ficam sem trabalho.

A organização chama a atenção para o facto de o rácio que mede a capacidade de uma economia gerar novos empregos ter continuado a cair em 2010. Passou a ser de 61,1 por cento, menos seis décimas em relação ao apurado em 2007, antes da crise do subprime que esteve na origem da primeira recessão do século.

A persistência de níveis muito elevados de desemprego entre os jovens dos 15 aos 24 anos é um dos problemas destacados pela organização, a par do aumento de postos de trabalho precários, que a OIT estima representarem actualmente cerca de metade do total do emprego - 1,6 mil milhões de pessoas.

Perante este quadro, a OIT defende que as economias mais avançadas devem promover investimento capaz de gerar emprego, mesmo aquelas - como Portugal - que estão envolvidas em processos de consolidação orçamental. O reforço da capacidade exportadora é um dos instrumentos recomendados pela organização. J.M.R.