25.1.11

Human Rights Watch critica diplomacia suave da ONU e UE

in Jornal Público

A Human Rights Watch (HRW) considera que as Nações Unidas e a União Europeia cometem um grave erro em tentar a persuasão suave e não uma forte condenação pública de regimes que desrespeitam os direitos humanos.

A afirmação da organização não-governamental foi feita no seu relatório anual divulgado ontem, no mesmo dia em que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, recebeu o ditador do Uzbequistão, Islam Karimov, numa visita a Bruxelas envolta em secretismo: não houve jornalistas a seguir a visita nem conferência de imprensa. Um breve comunicado deu conta de um acordo de princípio para reforçar a cooperação entre a UE e o Uzbequistão no plano energético.

A UE foi um dos alvos principais do relatório anual da HRW, que tem sede em Nova Iorque mas que escolheu Bruxelas para a apresentação do seu relatório anual feita pelo director-geral, Kenneth Roth. A "abordagem obso- leta" da UE face ao Uzbequistão e ao Turquemenistão foi criticada, assim como a atitude diplomática de Alemanha, França e Reino Unido face à China.

A União Europeia insiste na sua capacidade de persuasão, "expressando de modo repetido a sua preferência por uma diplomacia tranquila quaisquer que sejam as circunstâncias", disse Roth. O mesmo se passa com a ONU. O secretário-geral, Ban Ki-mo- on, parece "ter sobrevalorizado a ca- pacidade de persuasão através de contactos pessoais com pessoas como o Presidente sudanês, Omar al-Bashir, o líder da junta militar birmanesa, Than Shwe, e o Presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa", afirmou o director-geral daquela organização.

A HRW também aponta o dedo aos Estados Unidos, que "se abstiveram de intervir energicamente por exemplo na China, na Índia e na Indonésia", ca- sos, entre outros, em que o Presidente Barack Obama fica "privado da sua fa- mosa eloquência".

Roth não esqueceu vários países que são presença assídua nos relatórios da HRW e censurou a China pela deterioração das liberdades civis, a Coreia do Norte pelo seu sistema de goulag com 200 mil detidos em condições atrozes, vários estados africanos (Costa do Marfim, Chade, República Democrática do Congo) pela impunidade dos autores de violações em massa, e a Colômbia pelo terror dos novos grupos paramilitares.