31.1.11

Menos 25 mil portugueses a trabalhar em Espanha

Maria João Morais, correspondente em Madrid, in Jornal de Notícias

Número de trabalhadores lusos não tem parado de cair nos últimos quatro anos

Em apenas quatro anos, o número de portugueses inscritos na Segurança Social em Espanha viu-se reduzido em mais de um terço. Após o pico registado em 2007, cerca de 25 mil trabalhadores portugueses perderam os seus postos de trabalho no país vizinho.

No final de 2010, o número de portugueses a trabalhar em Espanha cifrou-se em 51 831, um valor que mostra uma quebra de mais de sete mil trabalhadores quando comparado com o final de 2009, quando havia 58 870 portugueses inscritos na Segurança Social em Espanha. A redução é ainda mais acentuada se comparamos com o ano de 2007, quando foi atingido o pico no número de portugueses a exercer em Espanha, com um total de 77 396 pessoas, em pleno esplendor da bolha imobiliária.

A partir do eclodir da crise económica internacional, em 2008 - que acabaria por afectar de forma particular o emprego em Espanha -, o número de trabalhadores portugueses a exercer no país vizinho foi registando constantes diminuições, muito penalizado pela forte redução da empregabilidade no sector da construção civil.

Portugueses em quarto lugar

Relativamente a áreas de actividade, no final do ano passado a maioria dos trabalhadores portugueses em Espanha estava empregada no regime geral (38 353), ao passo que 6453 eram trabalhadores por conta própria, 5553 exerciam no sector agrário, 438 no mar, 32 no carvão e 1002 em trabalhos domésticos.

Actualmente, a comunidade de profissionais portugueses em Espanha é a quarta mais elevada dentro da União Europeia (UE), a seguir à Roménia (com 290 mil trabalhadores), à Itália (61 mil) e tendo sido mesmo ultrapassada recentemente pela comunidade proveniente da Bulgária (54 mil).

Antes da crise, em 2007, Portugal chegou a ser o segundo país dentro da UE com a maior comunidade estrangeira a exercer em Espanha, numa taxa que ascendia aos 11% do total. Hoje, a representatividade no país baixou para 7,9%.

A tendência nacional acompanha o fenómeno global, uma vez que o número de trabalhadores estrangeiros em Espanha tem vindo a diminuir continuamente desde 2007, mas a queda é ainda mais acentuada dentro da comunidade portuguesa.

De acordo com dados do Ministério espanhol do Trabalho e Imigração, naquele ano atingiu-se perto de dois milhões de trabalhadores provenientes de outros países inscritos na Segurança Social. No final de 2010, esse número baixou para um total de 1 814 979.

A elevada taxa de desemprego verificada no país - que em 2010 se cifrou na impressionante percentagem de 19,8%, representando mais de quatro milhões de pessoas - e que não dá ainda sinais de viragem tem tornado a Espanha cada vez menos atractiva à imigração.