25.1.11

Eurodeputada Edite Estrela defende novas políticas para resolver desigualdades na saúde

in Jornal Público

A eurodeputada Edite Estrela defende, num relatório que vai ser hoje votado, a necessidade de "uma visão inovadora da política" para resolver as desigualdades na saúde, nomeadamente as que afectam os grupos socioeconómicos mais desfavorecidos.

"Em geral, a saúde e a esperança de vida estão ainda ligadas às condições sociais e à pobreza na infância. Apesar de alguns progressos, os resultados no sector da saúde revelam a existência de um fosso que continua a ser grande e, nalguns casos, continua a aumentar, entre as pessoas no topo e na base da escala social", considera a deputada portuguesa.

O relatório da eurodeputada socialista vai ser votado na comissão parlamentar de Saúde Pública. Segundo Edite Estrela, persistem ainda "grandes desigualdades entre países e regiões" relativamente à saúde. A título de exemplo refere que em 2007 a esperança de vida dos homens de 65 anos apresentava uma variação de 5,6 anos entre os Estados-membros, de um máximo de 18,4 anos em França a um mínimo de 12,8 anos na Letónia. A diferença no caso das mulheres era ligeiramente maior: 6,6 anos, de um máximo de 23 anos em França a um mínimo de 16,4 anos na Bulgária.

"As desigualdades na saúde são um problema que tem de ser resolvido. Começam cedo e persistem ao longo da vida, até à velhice, e passam para as gerações seguintes. As desigualdades vividas numa fase precoce da vida, em termos de acesso à educação, ao emprego e aos cuidados de saúde, bem como as diferenças baseadas no género e identidade cultural, podem influenciar de forma decisiva o estado de saúde das pessoas ao longo de toda vida", defende a deputada no documento.

Quando a pobreza surge associada a outras vulnerabilidades, como a infância ou a velhice, uma incapacidade ou a pertença a um grupo minoritário, os riscos para a saúde aumentam e vice-versa, os problemas de saúde podem conduzir à pobreza e/ou à exclusão social, acrescenta. Segundo a deputada portuguesa, a crise teve um grave impacto sobre o sector da saúde de vários Estados-membros da UE, tanto ao nível da oferta como da procura.

Ao nível da oferta, a crise económica e financeira levou à redução do financiamento da saúde pública e dos serviços de saúde e de cuidados de saúde a longo prazo devido aos cortes orçamentais e à redução das receitas fiscais, ao mesmo tempo que aumentava a procura de serviços de saúde e cuidados de saúde a longo prazo devido a uma combinação de factores que contribuem para a deterioração do estado de saúde da população em geral.

Por isso, Edite Estrela defende que "e essencial que a redução das desigualdades seja considerada uma prioridade fundamental a todos os níveis da acção política, prosseguindo assim a estratégia "saúde em todas as políticas" e velando pela realização de avaliações de impacto eficazes, que tenham em conta os resultados em termos de equidade no domínio da saúde".