24.1.11

O martírio de uma sociedade marcada pelo desemprego

in Diário de Notícias

A falta de trabalhos é um dos principais flagelos da população em Espanha, que tem a maior taxa de desemprego da União Europeia, regularmente acima dos 20%. Muitas pessoas perderam ou estão prestes a perder os subsídios estatais de ajuda, algumas sem terem sido chamadas para qualquer entrevista de trabalho em dois anos.

"Não tem o perfil daquilo que procuramos" foi a frase que Nieves Ortega mais ouviu em dois anos. É a desculpa típica dos departamentos de recursos humanos. Esta desempregada, de 44 anos, está a oito dias de perder o subsídio de desemprego e é uma das pessoas que relatam as suas dificuldades numa reportagem do El Mundo.

O jornal dá o exemplo de Antónia, que vendeu todas as suas coisas para poder sobreviver, mas que já chegou a um ponto em que não pode pagar a água ou a luz. Outros deixam de pagar as dívidas para poderem sobreviver com as ajudas estatais e as poucas poupanças que acumularam. "Todos os dias é o mesmo: não, não, não e não. Não consegues nada. Começas a não dormir, a ficar obcecada em como vais cumprir os pagamentos e já não dormes nem com comprimidos", descreve Nieves Ortega.