in Jornal de Notícias
O coordenador nacional da Infecção HIV-SIDA alertou, esta quarta-feira, no contexto da Europa ocidental, Portugal é um país em que a "carga da doença" é "particularmente desproporcionada" quando comparada com outros países da mesma área geográfica e tradição cultural.
Apesar de uma evolução "favorável", Portugal é um país em que a "carga da doença é particularmente desproporcionada", registando ainda uma taxa elevada de infecção e muita gente em tratamento por milhão de habitantes, explicou Henrique Barros.
Para tais cifras contribuíram factores de risco como a utilização de drogas, relações sexuais desprotegidas no chamado "sexo comercial" e também a tendência, que se observa noutros países europeus, para o "aumento lento, mas evidente" da infecção entre "homens que têm sexo com outros homens".
Henrique Barros falou a propósito do encontro internacional sobre o tema da SIDA e doenças tropicais que arranca esta quarta-feira, em Lisboa, promovido pela Fundação Luso-Americana (FLAD) e que traz a Portugal especialistas estrangeiros da área da investigação, como John McGowan, Catherine Hankins, Mario Stevenson e Paul Bouey.
Um dos objectivos da iniciativa é discutir as estratégias de investigação do HIV-SIDA em África, incluindo os países africanos de língua oficial portuguesa, procurando desenvolver e documentar soluções conjuntas inovadoras e proporcionar a partilha de experiências e conhecimentos.
Henrique Barros lembrou a "carga pesada" da doença vinda dos anos 90, mas para a qual "houve uma resposta muito importante, com a identificação das pessoas infectadas", e a "entrada de um número muito grande de pessoas em tratamento" em Portugal.
O mesmo responsável admitiu que o "peso económico e financeiro desta resposta dentro dos custos do Serviço Nacional de Saúde" é uma questão importante, mas salientou que, apesar de os medicamentos serem caros, "não há neste momento limitações de acesso".
"Pelo contrário, temos vindo a aumentar o número de pessoas em tratamento", enfatizou Henrique de Barros, notando que a SIDA é uma doença transmissível e um "grande problema de saúde pública" que deve merecer a maior atenção do Estado.
O responsável frisou que os medicamentos hoje existentes contra a SIDA são "eficientes" mas "caros" e que há que fazer um esforço conjunto com a indústria farmacêutica para os baixar de preço, para encontrar um "equilíbrio" que satisfaça as partes envolvidas na investigação e as pessoas que necessitam dos fármacos para viverem com a doença, que deixou de ser vista como uma sentença de morte.
Os esforços feitos em Moçambique - um dos países mais afectados pelo vírus da SIDA - para combater a doença e o caso da Guiné, onde a doença apresenta outra tipologia, mas igualmente preocupante, foram ainda outros assuntos abordados pelo especialista português.
Esta conferência insere-se num programa mais vasto criado pela FLAD em colaboração com o National Institute of Allergy and Infectious Diseases - National Institures of Health (EUA) e que visa aprofundar a cooperação internacional neste domínio.


