in Jornal de Notícias
O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, disse, esta terça-feira, nas Jornadas Parlamentares do CDS-PP, acreditar que as medidas fiscais do Governo são "suficientemente prudentes" para que dentro de dois anos a economia portuguesa possa crescer.
"Vamos acreditar que as medidas fiscais que foram tomadas por este Governo são temporárias - eu acredito que o são, quero acreditar que o são - e que são suficientemente prudentes em termos da avaliação da receita, para que no prazo de um ano e meio ou dois anos possamos aligeirar este enorme peso sobre a economia portuguesa", afirmou Rui Moreira.
Nas Jornadas Parlamentares do CDS-PP, que terminam, esta terça-feira, no Funchal, o dirigente declarou que, se assim for, o país tem que neste período preparar a "economia para crescer", porque "até lá vai ser muito difícil".
Segundo Rui Moreira, a "restrição ao consumo que é inspirada por esta política fiscal e pelas dificuldades que as famílias têm" determina que "só à custa das exportações" Portugal pode conseguir "um crescimento real na economia".
"Vamos ter que esperar que durante este tempo aquilo que for perdido no consumo interno seja recuperado nas exportações, é este o principal desafio", acrescentou Rui Moreira.
Fontes de financiamento
Falando sobre crescimento económico, o dirigente alertou contudo que as empresas que estão bem queixam-se de que "não há fontes de financiamento", porque "a banca, neste momento, não disponibiliza meios financeiros".
"Se uma empresa quer crescer, investir, se restringem o acesso ao crédito, essa empresa não pode crescer", alertou, sublinhando que a primeira coisa que o país tem de encontrar é "água para regar a economia portuguesa", referindo que "essa água é o acesso a fontes de financiamento".
Para o presidente da Associação Comercial do Porto - Câmara de Comércio e Indústria do Porto (ACP-CCIP) a "solução passa por o Estado absorver menos daquilo que é o financiamento que existe nos bancos".
"Dona Branca"
Notando que a poupança está a aumentar, "o que é um sintoma de medo", Rui Moreira sustentou que a banca está a utilizar esses fundos para comprar dívida pública, financiar autarquias e consumo.
"O financiamento ao consumo por parte da banca tem sido feito nos últimos tempos a taxas absolutamente escandalosas", adiantou, dizendo não perceber por que isto "não é criminalizado" e comparando esta situação "à dona branca".
Defendendo uma "regulação efectiva sobre os recursos financeiros", tanto mais que estão a ser "auxiliados", Rui Moreira acrescentou que em Portugal existe "um banco que é público, cujo desempenho deveria ser a favor do interesse macroeconómico do país".
"É fundamental que a Caixa Geral de Depósitos funcione exactamente como regador para a nossa economia", considerou o presidente da ACP-CCIP, lamentando que a "sensação que dá relativamente" a este banco é que "andou a financiar negócios especulativos de determinados grupos" e "o consumo indevido das famílias".


