3.10.14

ONU lançou plano de emergência de combate ao ébola

Por Sara Amorim Queirós, in iOnline

Especialistas negam hipótese de mutação do vírus para possível transmissão aérea, que a ONU dizia ser "um pesadelo"

Foi lançada esta semana a UNMEER, missão de saúde de emergência das Nações Unidas para combater o ébola. A palavra de ordem nesta primeira missão de emergência de saúde da ONU é "velocidade". Como Anthony Banburry, líder da missão, frisou, a comunidade internacional agiu tarde, mas "não demasiado tarde".

Quanto mais tempo o vírus continuar a mover-se e infectar vítimas, em especial numa região como a África ocidental, "maior probabilidade existe de sofrer mutações". Num cenário de "pesadelo", a ONU admitia que o vírus se poderia tornar transmissível por via aérea, o que não é provável mas não pode ser descartado. Os especialistas admitem que a epidemia é perigosa, mas nenhum vírus que se transmite por fluidos corporais, o modo de contágio do ébola, mas também do HIV e da hepatite B, se tornou transmissível por via aérea.

A esta perigosa possibilidade junta-se o diagnóstico real pela primeira vez fora dos países infectados. A vítima, um americano, voou até ao Texas dia 19 de Setembro, vindo da Libéria, onde foi declarado saudável, tendo passado por Washington e Bruxelas.

Banburry, que aterrou no Gana, sede da missão desde quinta-feira, diz que esta epidemia é a situação "mais séria, perigosa e de alto risco" com a qual já lidou, acrescentando que agora a ONU tem o poder e os recursos necessários para pôr em prática a acção que irá travar o ébola, mas que o factor crucial é a "rapidez", dizendo que há uma "janela limitada de oportunidade".

Esta missão da ONU, que foi apoiada por unanimidade na Assembleia Geral, irá montar centros de tratamento, equipá--los e providenciar equipamento como veículos e helicópteros, ou o que for preciso para as equipas médicas. O plano, que tem uma meta de 90 dias, que Ban-burry considera "ambiciosa", irá "impedir a disseminação da doença, tratar os infectados, assegurar os serviços essenciais, preservar a estabilidade e evitar a propagação aos países actualmente não afectados", segundo o plano da ONU.

A UNMEER irá colaborar com os governos e as estruturas nacionais dos quatro países afectados, Gana, Serra Leoa, Libéria e Guiné, assim como a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e outros, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que será responsável pela estratégia e pelo aconselhamento na missão.

Durante o planeamento da missão foi sublinhado que esta crise não diz respeito apenas a saúde, nem é referente só à África ocidental; será uma crise económica, devido ao impacto na agricultura e nos mercados, e também uma crise de segurança e estabilidade, e isso será sempre transmissível, não sendo necessário a via aérea.

Foram imediatamente mobilizadas equipas para a Guiné, a Libéria, a Serra Leoa e o Gana. Até agora foram identificados 7178 casos e deram-se 3338 mortes atribuídas ao vírus responsável pelo ébola.