29.5.23

“Se os gestores fossem movidos por valores, não teríamos a crise que enfrentamos hoje”

Rafaela Burd Relvas e Matilde Fieschi, in Público


Mohan Mohan, antigo gestor e responsável pelo lançamento da Procter & Gamble em Portugal, defende que “a melhor forma de acabar com más práticas de gestão é mudar os comportamentos e incutir valores”.

Mohan Mohan aterrou em Portugal em 1989 e foi responsável pelo lançamento da Procter & Gamble (P&G), empresa na qual trabalhou durante quase três décadas e para a qual contratou os actuais gestores de algumas das maiores empresas portuguesas. O presidente da TAP, Luís Rodrigues, o presidente da Vodafone Portugal, Luís Lopes, Paula Panarra e Sofia Tenreiro, ambas antigas directoras-gerais da Microsoft, são alguns dos nomes que, nos seus primeiros empregos, passaram pelas suas mãos.

Hoje, o antigo gestor dedica-se a fazer voluntariado em universidades, onde aconselha jovens sobre rumos de carreira, e a viajar. Acredita que as crises no sector financeiro (passadas ou actuais) acontecem, sobretudo, por práticas de má gestão. E aos novos gestores não tem dúvidas sobre o que dizer: “Sempre que fizerem alguma coisa, perguntem a vocês próprios: ‘A minha avó vai ficar feliz quando lhe contar que foi isto que fiz, ou vai ficar envergonhada?’”

Qual a sua relação com Portugal?
Nasci e fui criado na Índia e, em 1968, consegui uma bolsa para ir estudar para os Estados Unidos. Três anos depois, consegui um emprego na P&G, onde comecei a minha carreira, em Genebra. Em 1989, foi-me pedido que viesse para Portugal. Vim para o Porto, onde comprámos uma pequena empresa chamada Neo Blanc, e, mais tarde, começámos operações em Lisboa. Cinco anos depois, tínhamos construído uma organização cheia de jovens portugueses e alguns expatriados. Senti-me muito sortudo de ter sido enviado para Portugal.

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