5.9.23

Ensino superior: número de vagas para a 2.ª fase é o menor dos últimos seis anos

Samuel Silva, in Público

Estudantes podem candidatar-se até ao final desta terça-feira a um dos 9952 lugares ainda disponíveis, depois de quase 5000 estudantes colocados na 1.ª fase não terem concretizado a matrícula.


Há menos de 10 mil vagas disponíveis na 2.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, cujo prazo de candidaturas termina esta terça-feira. Desde pelo menos 2018 que não havia tão poucos lugares ainda por preencher nas universidades e politécnicos públicos nesta altura do período de ingresso, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). A tutela relaciona essa realidade com o facto de mais alunos terem ficado colocados nas suas primeiras opções na 1.ª fase.


Já se sabia, desde o final do mês passado, quando foram divulgados os resultados da 1.ª fase de colocações no ensino superior, que tinham sobrado 5212 vagas nas instituições públicas – o número mais baixo desde 1999. A estas, juntam-se agora os lugares libertados pelos alunos que, tendo sido colocados na 1.ª fase, não se matricularam na universidade ou instituto politécnico onde tinham assegurado um lugar.

Foram 4720 os estudantes nesta situação. É o número mais baixo desde 2018, que foi o período para o qual o MCTES disponibilizou dados, em resposta a uma pergunta do PÚBLICO. Por exemplo, no ano passado foram 5797 os estudantes colocados que não concretizaram a matrícula e, no ano anterior, 5256.

Os 4720 estudantes que não concretizaram a matrícula, num cenário em que 49.438 alunos garantiram um lugar no ensino superior na 1.ª fase de ingresso, significam que que 90,4% dos colocados já se inscreveram no ensino superior para o novo ano lectivo. Este é o valor mais elevado neste indicador, no mesmo período de seis anos.


A “forte redução” (de 19% face ao ano anterior) “de estudantes não matriculados resulta do facto de 56% dos estudantes terem sido colocados na sua primeira opção e 87% numa das suas três primeiras opções de candidatura, os valores mais elevados dos últimos anos”, considera fonte do gabinete de Elvira Fortunato, em resposta escrita.


Ainda assim, os menos de 10 mil lugares disponíveis na 2.ª fase são inferiores ao número de estudantes que se candidataram até ao momento nesta segunda fase – o período termina à meia-noite desta terça-feira. Até ao passado domingo, já tinham definido as suas opções 16.308 estudantes, de acordo com o site da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES). Este número significa um aumento de 8,2% no número de candidatos face ao mesmo período do ano passado.


Lugares nos cursos mais concorridos

Os estudantes colocados acabam por não concretizar a sua matrícula por diversas situações. Por exemplo, quando se “candidatam simultaneamente a uma instituição de ensino superior internacional” e preferem prosseguir os estudos no estrangeiro, ou quando optam por fazer um curso numa universidade privada “mais próxima de casa”, evitando o custo acrescido que teria a deslocação para uma outra cidade, elenca o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, António Fontainhas Fernandes. Há casos ainda, prossegue o mesmo responsável, de alunos que já se encontravam inscritos no ensino superior, mas voltam a candidatar-se no ano seguinte, aproveitando a validade dos exames nacionais do ensino secundário, mas acabam por não ficar agradados com o resultado da nova tentativa.



Apesar de haver menos vagas do que em anos anteriores, ainda há lugares disponíveis em alguns dos cursos mais concorridos, segundo o edital de vagas para a 2.ª fase, publicado pela DGES esta segunda-feira. Por exemplo, há duas vagas em Engenharia Aerospacial do Instituto Superior Técnico (Universidade de Lisboa), o terceiro curso com nota de ingresso mais elevada na 1.ª fase (18,68 valores) e uma no mesmo curso ministrado pela Universidade de Aveiro – 18,52 valores de nota de ingresso na 1.ª fase.

Sobram ainda dez vagas em cursos de Medicina (a faculdade de Coimbra e a Universidade da Beira Interior, com três cada uma, são as que têm a oferta mais alargada) e três no curso de Arquitectura da Universidade do Porto, que também teve uma das dez médias mais elevadas da 1.ª fase.


Outros exemplos são os cursos de Direito da Universidade de Coimbra (46 vagas para a 2.ª fase) e da Universidade de Lisboa (41). As três escolas superiores de Enfermagem totalizam 81 lugares ainda disponíveis.

Para a 2.ª fase do concurso de acesso, ainda há vagas em 1061 cursos - eram 1119 na 1.ª fase. Em 107 destes sobra apenas um lugar e noutros 92 podem entrar dois alunos nas próximas semanas. Mas ainda há 123 cursos com 20 ou mais vagas por preencher.

Os resultados da 2.ª fase de ingresso no ensino superior público serão divulgados a 17 de Setembro. Já a 3.ª e última fase do concurso nacional decorrerá este ano entre 22 e 25 de Setembro, sendo as colocações conhecidas, pela primeira vez, no último dia do mês.

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