Mostrar mensagens com a etiqueta Aumento do número dos jovens em risco. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Aumento do número dos jovens em risco. Mostrar todas as mensagens

27.5.13

por Filomena Barros

por Filomena Barros, in RR

Escolaridade obrigatória está na base do aumento de casos. Baixou, por outro lado, o número de crianças referenciadas por mendicidade e exploração do trabalho infantil. Em Sintra, oito menores foram retirados às famílias.

Há quase o dobro dos jovens acompanhados pelas comissões de protecção de menores, conclui um relatório que vai ser divulgado esta segunda-feira e a que a Renascença teve acesso.

Os dados são relativos a 2012, ano em que foram abertos 20.724 processos de jovens entre os 15 e os 21 anos. São mais nove mil casos do que em 2011.

O aumento é justificado pelo aumento do universo de jovens que, a partir do ano passado, ficou abrangido pelas comissões de protecção, o que acontece devido ao alargamento da escolaridade obrigatória para o 12º ano.

Esta faixa etária, que era menos representativa em termos do trabalho das comissões, passou para o primeiro lugar.

Os jovens foram apenas sinalizados por estarem em situação de perigo em relação ao direito à educação, ou seja, são casos de abandono, absentismo ou insucesso escola.

Os dados do relatório não permitem, no entanto, aferir se estes casos retratam o impacto da crise nas famílias.

Em termos globais, nas 305 comissões existentes no país, no ano passado foram acompanhados mais de 69 mil processos.

Quanto à origem das sinalizações é, sobretudo, das escolas e das autoridades policiais.

Há mais casos de violência doméstica, mas baixou o número de crianças referenciadas por mendicidade e exploração do trabalho infantil.

Por outro lado, aumentaram as crianças abandonadas ou entregues a si próprias.


Um trabalho sem hora de saída e carregado de angústia
O trabalho dos técnicos de uma comissão de protecção de menores tem, em muitos dias, só hora de entrada.

“Implica não ter horários. Só saímos da comissão quando a criança está favorável, sem perigo. Duas, três, quatro da manhã”, refere à Renascença Sandra Feliciano, assistente social na autarquia de Sintra e presidente da comissão de protecção de crianças e jovens de Sintra Oriental desde Março.

A comissão abrange nove das 20 freguesias do concelho. Nos primeiros quatro meses do ano, registou 284 processos. Oito crianças foram retiradas das famílias e colocadas em instituições.

Os números mostram o aumento da violência doméstica: “Se está ligado com a crise, não temos indicador, porque estas situações não acontecem apenas em famílias com carências económicas”.

A comissão actua quando há uma denúncia de perigo. As participações chegam todos os dias, por telefone, em presença nas instalações da comissão, por carta…

Em Sintra, há seis técnicos a tempo inteiro e mais alguns a tempo parcial. Tratam dos assuntos administrativos, acompanham as famílias e respondem às situações de emergência – um trabalho sem horas para acabar e carregado de angústia pelo muito que fica por fazer.

“Ver o sofrimento das crianças é muito difícil. Sentirmo-nos impotentes nalgumas situações é muito difícil. Sentir que não temos a resposta e solução ideal é muito difícil”, destaca Sandra Feliciano.