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7.8.17

“Há pessoas que têm a sorte de ter psicólogos no SNS. Outras não”

Alexandra Campos, in Público on-line

Isabel Trindade, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, diz que carência tem impacto muito negativo: "Se as depressões, por exemplo, não forem tratadas numa fase inicial, as pessoas aparecem nos centros de saúde já quando estão a faltar ao emprego, a consumir muitos medicamentos."

Por que motivo é que os psicólogos estão distribuídos de forma tão heterogénea nos centros de saúde e nos hospitais públicos?
A entrada de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde processou-se de forma um bocado aleatória, teve que ver com as circunstâncias e com as especificidades das regiões. Por isso é que há centros de saúde e hospitais onde há mais psicólogos e outros com muito poucos profissionais. Em Portugal, há assim pessoas que têm a sorte de ter psicólogos no Serviço Nacional de Saúde, enquanto outras não. O que temos é muito pouco e está muito mal distribuído, sobretudo nos cuidados de saúde primários.

Quantos psicólogos seriam necessários para responder de forma adequada às necessidades da população?
Não é fácil fazer essas contas. O que posso dizer é que, mesmo que tivéssemos um psicólogo para cada centro de saúde, isso não seria nada, só daria para fazer consultoria. E, olhando para o total de profissionais [917] identificado neste relatório, mesmo que fosse o dobro, eram poucos. Por exemplo, em áreas com muitos problemas de violência, de exclusão social, como Loures, Odivelas, Amadora, Sintra, há pouquíssimos psicólogos. Estamos à espera que sejam contratados mais, mas ainda não houve contratações, apesar das promessas [do Ministério da Saúde]. As entradas dos últimos tempos são resultado de concursos antigos que estavam atrasados.

Nos centros de saúde, as carências são enormes.
Sim e isso tem repercussões. No caso das depressões, por exemplo, se estas não forem tratadas numa fase inicial, as pessoas aparecem nos centros de saúde já quando estão a faltar ao emprego, a consumir muitos medicamentos, em grande sofrimento. E o que parece ser um gasto em recursos, a médio prazo, pode representar uma poupança.

Mas a nossa intervenção não se restringe à saúde mental. Há muito trabalho que pode ser feito. Nas doenças crónicas, na diabetes, por exemplo, podemos ajudar no incentivo ao auto-cuidado. Temos também o apoio a crianças e jovens, às grávidas. Durante muito tempo os serviços foram assegurados graças ao trabalho voluntário. Se as recomendações que fazemos no relatório avançarem e forem operacionalizadas, penso que se poderá dar uma resposta muito melhor à população.

28.6.12

Primeiras consultas em cuidados primários aumentaram em 2011

in Jornal de Notícias

O número de primeiras consultas de acesso aos cuidados de saúde primários aumentou 4% em 2011 face a 2010, revela o Relatório Anual sobre o Acesso a Cuidados de Saúde.

O documento foi elaborado por todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde (65 Agrupamentos de Centros de Saúde, 50 entidades hospitalares e sete unidades locais de saúde) e é referente a 2011.

Em cuidados de saúde primários, os dados de produção nas principais áreas da prestação de cuidados indiciam que, de uma forma global, terá havido um aumento do acesso em 2011 face a 2010, atendendo ao maior número de primeiras consultas que se registou, em quase todas as áreas, à exceção da área de saúde materna.

Em termos globais, verificou-se um aumento de 4% nas primeiras consultas entre 2010 e 2011 e de 5% no total de consultas, muito decorrente da informação de consultas de vigilância (diabetes e hipertensão) e de consultas no domicílio (médicas e enfermagem) estarem apenas disponíveis em termos globais, refere o documento.

Mais de três quartos das instituições de cuidados de saúde primários (76%) indicam ter Tempo de Resposta Garantido (TRG) definidos para 2011.

Destas, 65% dizem cumprir o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) no que se refere ao tempo de resposta por motivos relacionados com doença aguda, 42% a outros motivos não relacionados com a doença aguda, 62% na renovação de medicação em caso de doença crónica, 50% em relação a produção de documentos e relatórios escritos e 60% na resposta a pedidos de consulta no domicílio.

Registou-se também um aumento de 3% nas primeiras consultas hospitalares entre 2010 e 2011, "o que é significante em termos de acesso a este tipo de cuidados".

Relativamente às primeiras consultas de especialidade hospitalar, solicitadas pelos cuidados de saúde primários, cerca de 70% ocorreram dentro do tempo recomendado para o nível de prioridade atribuído ao pedido em sede da triagem hospitalar.

Das 41 especialidades consideradas, 25 realizaram pelo menos 75% das consultas dentro do TMRG.

O relatório informa ainda que, desde o início do programa de saúde oral, já foram emitidos 353.335 cheques dentistas, sendo que a percentagem de cheques que foram efetivamente utilizados ascende a 79% dos vales emitidos.

Sobre a Linha de Saúde 24, o documento aponta que se observou uma "menor concentração dos utentes nos serviços, com potencial redução de idas desnecessárias às urgências hospitalares".

Das 56,1% de chamadas realizadas para o serviço com intenção inicial "urgência hospitalar", apenas 33,9% destas foram encaminhadas para uma urgência hospitalar.

As restantes 37,2% foram encaminhadas para observação médica em consulta e 28,5% a aconselhamento para autocuidados.

O documento defende que "é essencial a promoção do recurso e de boas práticas de utilização de instrumentos e sistemas de informação com importância no acesso a cuidados de saúde", sendo para isso "fundamental investir numa melhor integração/articulação daqueles com os sistemas de gestão clínica, de informação ao cidadão e de gestão global das instituições".