in Jornal de Notícias
Duas povoações do Interior de Portugal, uma no Algarve e outra no Alentejo, aproximam-se de um modelo "inovador" que pretende transformar em "aldeias-lar" para apoiar idosos as povoações em risco de desertificação.
Trata-se da aldeia de São José de Alcalar, construída de raiz na freguesia da Mexilhoeira Grande, em Portimão, e de São Martinho das Amoreiras, no concelho alentejano de Odemira (Beja). O modelo de "aldeias-lar" é uma das "respostas concretas" para combater o envelhecimento da população e a desertificação do interior do país, que João Martins, professor universitário de Beja, vai propor na sua tese de doutoramento em Planificação Integral e Desenvolvimento Regional.
Em declarações à agência Lusa, o autor explicou que o modelo consiste em "revitalizar" as aldeias e vilas do interior do país com população envelhecida e em risco de desertificação, transformando-as em "aldeias-lar". "Através de investimento público, privado ou misto, as casas devolutas ou abandonadas nestas povoações poderão ser adquiridas e reconvertidas em apartamentos para a habitação de idosos", precisou.
Além das habitações e dos equipamentos e serviços normais em qualquer localidade, continuou, o modelo sugere a criação de "unidades de apoio a idosos", onde "poderão ser prestados serviços médico-sociais, como cuidados geriátricos ou paliativos".
De acordo com João Martins, São José de Alcalar, a nove quilómetros de Portimão, "apesar de ter sido construída de raiz, aproxima-se do modelo proposto de 'aldeias lar'".
No Alentejo, à entrada de São Martinho das Amoreiras, existe um lar "inovador", que começou a funcionar há quase um ano e, segundo João Martins, é uma valência que pode funcionar como "ponto de partida" para a aldeiase "transformar" numa "aldeia-lar". Propriedade da Casa do Povo, o Lar de São Martinho das Amoreiras, além de funcionar como centro de dia para 20 idosos e prestar apoio domiciliário a 30 utentes, dispõe da valência de internamento, com uma capacidade total de 25 camas. Os 25 idosos "internados" no lar, que dormem nos quartos ou vivem nos nos apartamentos, "pelo menos, não tiveram que sair da aldeia ou do concelho".