Ricardo Garcia, em Bruxelas, in Jornal Público
Presidente da Comissão Europeia saúda resultado da reunião do G8 e diz que houve uma evolução na posição dos EUA
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, admitiu ontem que as divisões entre os Estados-membros quanto às alterações climáticas seriam, por si só, suficientes para bloquear a aprovação de metas ambiciosas para combater o problema. Isto só não aconteceu, segundo Durão Barroso, porque a questão das alterações climáticas foi integrada num pacote global relativo às questões da energia, que foi aprovado em Março.
"Se a Comissão Europeia tivesse apresentado aos Estados-membros apenas um pacote sobre alterações climáticas, não o teríamos aprovado. Porque o apoio a esta agenda não tem o mesmo nível de entusiasmo em todos os Estados-membros, para ser franco", especificou Durão Barroso, que falava ontem em Bruxelas, na abertura de uma conferência ambiental da Comissão Europeia, a Greenweek 2007.
No pacote energético aprovado em Marco passado, os líderes da União Europeia acordaram em reduzir em 20 por cento as emissões de gases com efeito de estufa ate 2020, em relação a 1990. Mas foram também aprovadas outras metas, na área das energias renováveis, eficiência energética e biocombustíveis, que, segundo Barroso, representam "políticas para o desenvolvimento".
Na semana passada, a UE propôs aos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia - na reunião do G8 que decorreu em Heiligendamm, na Alemanha - a adopção de uma meta de 50 por cento de redução de emissões ate 2050. O mesmo foi defendido pelo Japão e o Canadá. Mas os Estados Unidos opuseram-se e o G8 concordou apenas sobre a necessidade de uma redução "substancial" no futuro.
"Um grande progresso"
Para Durão Barroso, porém, o resultado da reunião do G8 representou um importante passo em frente. "Eu preferiria mais ambição, mas, para sermos justos, temos de reconhecer que houve um grande progresso", afirmou o presidente da Comissão Europeia.
A confirmação das Nações Unidas como o fórum para se discutir um novo tratado sobre o aquecimento global e a fixação de uma data, 2009, para que este processo esteja concluído foram duas vitórias importantes do G8, segundo Durão Barroso.
"Claramente, evitámos o risco de um certo tipo de iniciativas unilaterais", disse.
Barroso também saudou a posição dos Estados Unidos, que aceitaram esses compromissos. "Se pensarmos que há algum tempo alguns dos nossos parceiros ainda estavam a argumentar sobre a existência de uma ameaça global chamada alterações climáticas, temos de reconhecer que eles progrediram", disse o presidente da comissão.
"Agora, não se trata mais de saber se devemos agir, mas quando e como", completou Barroso. "E o quando e o como estão cada vez mais claros", concluiu.
O PÚBLICO viajou a convite da Comissão Europeia