Alexandra Campos, in Jornal Público
A rede nacional de cuidados continuados integrados a idosos e pessoas em situação de dependência vai triplicar o número de camas até ao final do ano. Passará das actuais 900 para cerca de 2800 camas em unidades de internamento até ao final deste ano, segundo os cálculos da responsável nacional, Inês Guerreiro - que hoje vem ao Porto participar na cerimónia de entrega de 28 viaturas ligeiras e três unidades móveis às equipas coordenadoras locais na Região Norte.
A entrega de automóveis e carrinhas - estas últimas para os concelhos de Ponte da Barca, Paredes de Coura e Marco de Canaveses e as primeiras unidades do tipo a integrar a rede - vem colmatar uma lacuna e permitir dar uma resposta mais adequada a um dos principais problemas dos cuidados continuados: o apoio domiciliário integrado. "A rede não se restringe às unidades de internamento, mas pretende garantir um contínuo de cuidados a pessoas em situação de dependência e idosos sem retaguarda familiar", explica Isabel Oliveira, vogal do conselho directivo da Administração Regional de Saúde do Norte.
"Imagine o caso de um doente internado que já não necessita de cuidados hospitalares. As equipas de gestão de altas (hospitalares) referenciam-no para as equipas coordenadoras locais da área de residência que têm que encontrar uma resposta a nível local", descreve. "O apoio domiciliário por equipas multidisciplinares em articulação com os cuidados de saúde primários é uma das respostas mais importantes", complementa Inês Guerreiro. É que, apesar de haver já hoje cuidados domiciliários em todos os centros de saúde, "estes não cobrem todas as necessidades porque oferecem uma carteira de serviços pequena", justifica a coordenadora nacional da rede.
Sediadas nos centros de saúde e constituídas por um enfermeiro, um médico e um técnico de serviço social, as equipas locais têm "muito trabalho de campo", acrescenta Isabel Oliveira.
Cuidados paliativos no IPO
No Norte, até agora, os elementos destas equipas viam-se obrigados a deslocar-se "nas viaturas dos centros de saúde, quando disponíveis, em táxis ou nos carros próprios" para fazerem visitas e verificarem os processos dos doentes, diz a responsável da ARS/Norte. Já as unidades móveis, que resultam de parcerias com as câmaras municipais, vão permitir fazer consultas ao domicílio ou, como sintetiza Inês Guerreiro, "levar o centro de saúde a casa das pessoas que vivem mais isoladas".
O Norte é que arrancou com o maior número de equipas, apesar de haver já equipas coordenadoras locais devidamente equipadas em seis centros de saúde de Lisboa e cinco no Algarve. A compra de viaturas para o Alentejo deve avançar até ao final deste ano, prevê Inês Guerreiro.
Na Região Norte, até ao final de Maio, tinham sido admitidos na rede 609 utentes, a maior parte dos quais (361) em unidades de convalescença. Curiosamente ainda há vagas nestas unidades, ao contrário do que acontece nas de média e longa duração, onde a procura é grande. Uma situação que resulta do facto de "os hospitais ainda não terem uma grande confiança na rede e não referenciarem os doentes", explica Isabel Oliveira. As unidades de internamento pertencem a misericórdias, mas em breve vão abrir duas (de convalescença) em hospitais públicos (o de Valongo e Unidade Local de Saúde de Matosinhos).
Hoje, vai ser também inaugurada oficialmente a primeira e, até agora, única unidade de cuidados paliativos (apoio a doentes terminais) da Região Norte, a funcionar no Instituto de Oncologia, e que arranca com 10 camas.
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Viaturas ligeiras e três carrinhas são entregues hoje às equipas locais da rede de cuidados continuados