Eduarda Ferreira, in Jornal Notícias
As sociedades mais prósperas e também as pouco desenvolvidas terão que planear as próximas décadas, por forma a evitar os impactos previsíveis do envelhecimento das populações. O alerta foi, ontem, lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU), no seu relatório anual sobre a realidade económica e social mundial. Sobre a União Europeia, uma estimativa ao longo do próximo meio século, seriam necessários 13 milhões de imigrantes em cada ano para compensar o aumento do índice de dependência de idosos.
A proporção de pessoas de idade avançada está a aumentar a um ritmo sem precedentes em todo o mundo, constata o "World Economic and Social Survey 2007" (WESS), que associa este fenómeno com o declínio da população em idade activa. O relatório admite que em muitos países em desenvolvimento, sobretudo nos de baixo rendimento, se registará um forte crescimento da força de trabalho até 2050 e isso poderá fazer com que eles desenvolvam a sua economia, mas apenas "se forem postas em prática as políticas adequadas". Mas há também muitos países em desenvolvimento onde se regista já um processo de envelhecimento a ritmo muito mais rápido e com níveis de rendimento muito mais baixos por comparação ao que ocorreu nos países desenvolvidos.
A continuarem os padrões actuais, até 2050 quase 80% da população mundial com mais de 60 anos viverá nos países em desenvolvimento. Actualmente haverá aí 342 milhões de pessoas sem qualquer protecção assistencial e de reformas. Esse número subirá até aos 1,2 mil milhões. Para os países onde há sistemas de reforma, o relatório considera que o envelhecimento não pode pôr em causa "um mínimo de segurança económica" nem é "um problema insolúvel para os planos de pensões de velhice".
Ainda sobre as regiões do mundo e países desenvolvidos, o relatório defende que a migração internacional não resolverá a redução da força de trabalho causada pelo envelhecimento das suas próprias populações, "porque nenhum deles estaria disposto a admitir o elevado número de migrantes necessário para superar o déficite" se a UE carece de 13 milhões/ano e o Japão e EUA teriam de absorver dez milhões também anualmente.
Maior natalidade não basta para travar peso dos idosos
Um aumento da fecundidade e a adopção de políticas de imigração apenas podem retardar o saldo pesado dos idosos na população dos países e suas economias. A afirmação é feita por este relatório da ONU, que alerta governos e sociedades para a necessidade de conterem custos de saúde e cuidados de saúde a longo prazo recorrendo à prevenção. Entre as medidas aconselhadas constam iniciativas para travar o preço dos medicamentos e tratamentos. A promoção de cuidados domiciliários integra também a lista de medidas preconizadas pela ONU. Neste seu relatório defende que os efeitos negativos do crescimento mais lento da mão-de-obra nas sociedades mais envelhecidas "podem ser compensados por um aumento da produtividade, bem como da participação das mulheres e dos trabalhadores idosos", cuja vida activa seria prolongável através da melhoria das condições de trabalho.