in Jornal de Notícias
Henrique Barros diz que a prática seguida é "cientificamente inválida"
O coordenador nacional pa- ra a infecção VIH/Sida, Henrique Barros, defendeu ontem o fim da exclusão de dadores de sangue com base na orientação sexual, prática que disse não fazer sentido e ser "cientificamente inválida".
Para o coordenador nacional para a infecção VIH/sida, "a dádiva de sangue é um problema social, psicológico, profundamente humano". "Actualmente, com a tecnologia disponível, as transfusões são essencialmente um gesto técnico seguro", disse, durante uma conferência de Imprensa da associação Médicos pela Escolha.
O epidemiologista frisou que "não se aplicam naturalmente as lógicas limitantes de um qualquer princípio da precaução para além dos limites da boa prática clínica". Por esta razão, acrescentou, "os modelos de rastreio selectivo, por passos, baseados em características dos indivíduos ligadas às suas escolhas pessoais ou estilos de vida, sem referência a marcadores biológicos, são cientificamente inválidas, promovem o desperdício e levam inevitavelmente à discriminação e ao estigma".
Henrique Barros considera, por estas razões, que "não há qualquer sentido em eliminar dadores com base na sua orientação sexual".
A posição do coordenador nacional para a infecção VIH/sida surge a propósito da manutenção do critério "práticas sexuais com pessoas do mesmo sexo (dador masculino)" entre os factores que determinam a exclusão de potenciais dadores de sangue.
Para os Médicos pela Escolha, esta "forma de discriminação não garante uma melhor qualidade dos produtos armazenados nos bancos de sangue do nosso país porque, em termos de saúde pública, não só já não faz sentido falar em grupos de riscos como pode mesmo ser prejudicial".