Inês Schreck, in Jornal Notícias
Município insiste com Estradas de Portugal, dona do terreno em Grijó, para realojar ciganos
A Câmara de Gaia quer acabar com o acampamento cigano da Zona Industrial da Feiteira (Grijó), junto à A1. Em 2008, exigiu à Estradas de Portugal que realojasse a comunidade. Nada foi feito. Ontem, voltou a insistir.
Há mais de um ano que várias famílias ciganas ocuparam o terreno, propriedade do Instituto de Estradas de Portugal. As barracas são cada vez mais, deixam a nu condições humanas pouco dignas e "dão mau aspecto para quem circula na A1", considerou, ontem, o vereador socialista Barbosa Ribeiro que levantou novamente o tema na reunião quinzenal do Executivo gaiense.
A primeira vez foi em Abril de 2008, quando a vereação aprovou por unanimidade uma proposta do PS a recomendar à empresa Estradas de Portugal o realojamento daquelas famílias de etnia cigana. A proposta seguiu no mesmo dia para a empresa, num ofício assinado pelo vice-presidente da Autarquia.
Segundo afirmou, ao JN, Marco António Costa, o assunto foi reencaminhado para a direcção do Porto da Estradas de Portugal. Em contactos telefónicos posteriores, acrescentou o vice-presidente da Câmara, a direcção da Estradas de Portugal informou que iria dar conta do caso ao Governo Civil do Porto. Passou um ano e nada aconteceu.
"A Câmara não pode abrir o precedente de os realojar, sob pena de amanhã ter várias famílias ciganas a quererem instalar- -se em Vila Nova de Gaia para serem realojados em habitações sociais", referiu Marco António Costa. O autarca entende que a responsabilidade é do Instituto Estradas de Portugal que devia chamar as autoridades e a Segurança Social para que retirem os ciganos do terreno junto à auto-estrada e procedam ao realojamento das famílias. O JN contactou a Estradas de Portugal para saber se tenciona tomar alguma providência, mas não obteve resposta em tempo útil.
Ontem, na sequência da intervenção do Partido Socialista, o vice-presidente da Câmara voltou a enviar um ofício à Estradas de Portugal, pedindo uma resposta ao assunto abordado já em Abril de 2008. Na carta, Marco António Costa aproveitou para chamar a atenção "para a gravidade e dimensão que o caso está a adquirir, nomeadamente porque tem crescido o número de ocupantes daquele espaço".
De acordo com o vereador Barbosa Ribeiro, na última semana, instalaram-se no local pelo menos mais duas barracas, totalizando agora cerca de uma dezena. Ninguém sabe ao certo o número de pessoas que ali vivem, uma vez que são "comunidades flutuantes".