21.2.07

Emprego e desemprego

António Perez Metelo, in Diário de Notícias

Na resposta ao Expresso acerca da criação de 150 mil novos empregos, o PM contornou a questão e decidiu não entrar nos tremendos problemas que tem pela frente. Este objectivo foi apregoado com grande destaque na campanha eleitoral. A ideia central radicava no facto de nos três anos de governos PSD-CDS/PP ter sido esse o acréscimo de desempregados no País e uma governação socialista digna desse nome não poder deixar de procurar reverter esse flagelo no espaço de uma legislatura.

De facto, entre o momento da entrada e o da saída do centro-direita de S. Bento o número de empregados reduziu-se em 12 200 e o de desempregados aumentou 174 200. A recessão deixou a sua marca profunda. Comparando os dados do INE entre o 1.º e o 4.º trimestres de 2005, verifica-se um aumento, em paralelo, da população activa empregada (+39.400) e da população activa desempregada (+34.700). Em bom rigor, esta comparação está distorcida, já que o 1.º trimestre, por razões sazonais, penaliza o emprego e expande o desemprego. A comparação entre trimestres homólogos (4.º trim. 2005/ 4.º trim. de 2004) pende para valores piores: +11 000 empregados e +57 600 desempregados.

Estamos, pois, naquela intensidade intermédia da actividade económica na qual as empresas já criam emprego líquido, mas este não chega para absorver na totalidade o crescimento natural da população activa. Resultado: o desemprego continua a crescer, ainda que a velocidade menor. Não é isto que é suposto acontecer até Outubro de 2009. O que, sem sofismas, se pôs como objectivo implica, agora, que até lá se criem uns 340 mil postos de trabalho novos, o que equivale a uma expansão anual média do emprego de 1,75%. Como se pretende incrementar, igualmente, a produtividade global das empresas, a compatibilização destes dois objectivos atiraria para crescimentos anuais do PIB na casa dos 3%. O que manifestamente não parece provável que aconteça tão cedo.