15.2.07

Presidente fala em "sinal da mudança dos tempos"

In Jornal Público

O presidente da União Romani, Vítor Rodrigues, confessa-se "admirado por já haver uns pais" de etnia cigana a recorrer a um tribunal para regular o exercício do poder paternal. "Normalmente, estas coisas são reguladas pelas famílias - umas vezes a bem, outras a mal".

Pela tradição cigana, uma mulher separada que reconstrói a sua vida amorosa não pode manter os filhos da relação anterior. E a orientação é acatada "totalmente" por quem segue as "leis". "Se não fosse, não havia tradição", sublinha Vítor Marques. "Haver um casal [desta etnia] que recorre ao tribunal é um sinal da mudança dos tempos". Um indicador de que a comunidade, em Portugal, "está a evoluir ou a regredir" - conforme o ponto de vista. Por regra, "não aparecemos nos tribunais como pessoas activas", sublinha o líder da União Romani. Fazê-lo é um sintoma de "abertura" ao regime jurídico nacional, às instâncias judiciais. Mas, ao mesmo tempo, "quer dizer que estamos a perder, um bocado, o sentido das nossas leis". Em que se baseia esta tradição em concreto?

"O padrasto não é o autor da criança, o reprodutor, não tem direito de lhe dar ordens, de a educar. Não pode mandar no filho de outro." Não é por acaso "que a maior parte dos ciganos não trabalha por conta de outrem". Os membros desta etnia "não gostam de aceitar ordens do exterior". E é por isso mesmo que "ou se tornam feirantes ou entram por outra via que não tenha a ver com horários rígidos".
A.C.P. Este caso mostra que a comunidade, em Portugal, "está a evoluir ou a regredir" - conforme o ponto de vista.