28.2.07

Quase 400 professores foram vítimas de agressão no passado ano lectivo

Isabel Leiria, in Jornal Público

Coordenador do observatório diz que aumento da violência pode resultar de mais denúncias
a É impossível fazer comparações porque os instrumentos de recolha da violência escolar mudaram ao longo do tempo e mesmo os dados recentes são falíveis. Há categorias "obscuras" e estabelecimentos que comunicam "tudo" ao Ministério da Educação e outros nada. Feita a ressalva, 390 professores do 2.º e 3.º ciclos do básico e do secundário foram vítimas de agressão no passado ano lectivo, a confiar nas participações feitas pelas escolas ao gabinete de segurança da tutela.

As explicações e os números foram apresentados ontem na Comissão Parlamentar de Educação pelo coordenador do Observatório da Segurança Escolar, João Sebastião. E dão conta de mais de 5200 actos de violência, praticados nos estabelecimentos de ensino e imediações, contra alunos, professores e funcionários. O bullying entre alunos (intimidação física ou psicológica continuada) é a ocorrência mais comunicada, mas também a que poderá ser a menos rigorosa, dado tratar-se de um conceito relativamente novo e difícil de avaliar. Outra constatação: o roubo, furto e vandalismo são mais frequentes sobre as instalações e equipamentos do que sobre os bens dos alunos. "As escolas estão a tornar-se locais cada vez mais apetecíveis, com os computadores e os portáteis que estão a ser instalados", explica João Sebastião.

O coordenador do observatório lembra que este é o cenário num sistema que conta com 1700 mil alunos, mais de 150 mil professores e 70 mil funcionários. "O problema da violência é sempre relevante do ponto de vista da vítima e do agressor e deve merecer atenção. Mas não é algo que neste momento ponha em causa o sistema educativo", diz. Além disso, ressalva, "é impossível saber se a tendência para o aumento das ocorrências é real ou se resulta da maior preocupação das escolas em as registar".É também esse o balanço feito pela coordenadora da Equipa de Missão para a Segurança Escolar, Intendente Paula Peneda: as situações de violência nas escolas e imediações são "muito raras"; há problemas que "já existiam nos anos 80" e que se mantêm e a que se juntam outros. Que estão relacionados com a "simples posse ou a utilização da tecnologia", como os alunos que fotografam com o telemóvel agressões ou alunas nos balneários e colocam as imagens na Internet.

390 professores foram vítimas de agressão em 2005/2006, a maioria (326) dentro da escola

5291 foi o número de ocorrências comunicadas pelas escolas dos 2.º e 3.º ciclos e secundário

2160 foram vítimas de bullying 1000escolas, no Norte e Lisboa, participaram acções de roubo ou vandalismos sobre as suas instalações e equipamentos