15.5.09

Analistas afirmam que PIB recuou 1,6% no 1º trimestre

in Diário de Notícias

A economia portuguesa deverá ter recuado 1,6 por cento no primeiro trimestre do ano face aos três meses anteriores, com "fortes quedas" nas exportações e no investimento, segundo analistas ouvidos hoje pela agência Lusa.

A confirmar-se, este será o terceiro trimestre consecutivo de descida do PIB, depois de quedas de 0,1 por cento no terceiro trimestre de 2008, e de 2 por cento nos últimos três meses do ano.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga sexta-feira a estimativa rápida de crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre de 2009.

A média das estimativas dos analistas (ver quadro em baixo) aponta para uma contracção do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6 por cento nos primeiros três meses do ano, face ao trimestre anterior, e de 3,1 por cento face ao período homólogo.

Segundo Rui Serra, do departamento de estudos do Montepio Geral o cenário estimado corresponderá "à pior performance trimestral da economia portuguesa desde a observada no primeiro trimestre de 1984", quando se verificou uma contracção de 2,3 por cento.

"Embora não sendo divulgados dados em detalhe do PIB, espera-se que esta contracção do PIB reflicta, essencialmente, fortes quedas nas exportações e no investimento", refere.

Rui Serra estima também uma forte descida ao nível do consumo privado, essencialmente ao nível do consumo de bens duradouros "mais sujeitos a decisões de adiamento, ou mesmo de desistência, de consumo, face ao agravar da crise económica global".

Na mesma linha, Paula Gonçalves Carvalho, do BPI, aposta "na manutenção do quadro do último trimestre, com forte queda das exportações e investimento, mas provavelmente mais intenso".
Para o economista-chefe do Santander Totta, Rui Constantino, a contracção em cadeia reflectirá "uma nova deterioração ao nível do investimento", mas também ao nível do consumo privado.

"O PIB [variação homóloga] terá contraído ligeiramente mais do que no trimestre anterior, apesar de se ter verificado também uma maior contracção das importações", refere.

Em termos anuais, Rui Constantino antecipa que "o ponto mínimo do ciclo" deverá ser atingido no segundo trimestre, "com o PIB a contrair cerca de 4 por cento, antes de iniciar uma ligeira recuperação que, por efeitos de base, será mais pronunciada no último trimestre do ano".