Por Tânia Marques, in Jornal Público
A eurodeputada socialista Edite Estrela considera que a crise "é um teste decisivo para as lideranças europeias", mas não a causa para que o Estado Social deixe de existir.
Na conferência internacional sobre As soluções do socialismo democrático para a crise económica, promovida pela Fundação Res Pública, Edite Estrela acusou os países defensores da globalização mercantil de estarem a agravar a situação social mundial. No rol de críticas incluiu também Cavaco Silva, por causa da sua descrença no Estado Social.
"Há quem diga que o Estado Social está a tornar-se insustentável", afirmou, referindo-se à palavra usada pelo Presidente da República no discurso do 10 de Junho. "É um problema sério, tendo em conta os crescentes custos dos serviços sociais públicos, mas privatizá-los não é seguramente a solução", considerou Edite Estrela, contestando os conselhos para contenção da despesa pública vindos do Presidente da República.
A eurodeputada entende que as políticas neoliberais dos governos conservadores europeus foram as principais causadoras da "nova lista de desigualdades" sociais. "Entre os que têm empregos precários e baixos salários e os que têm bons empregos e prémios chorudos, paira a ameaça de uma sociedade inteiramente desigual", afirmou. "Por isso, é urgente pôr termo à economia de casino, onde o dinheiro produz dinheiro e onde um consumidor vulgar fica sem qualquer mercadoria, mas mesmo assim tem de contribuir para pagar os jogos dispendiosos dos mandarins do dinheiro", acrescentou.
O ciclo de debates termina hoje com uma discussão sobre os desafios dos socialistas portugueses e europeus, com a participação do líder da UGT, João Proença, da ministra do Trabalho, Helena André, Pervenche Beres, da Comissão de Emprego do Parlamento Europeu, e do primeiro-ministro, José Sócrates.