Por Rosa Soares, in Jornal Público
Todos os contratos que sejam revistos em Julho vão implicar aumento da mensalidade; média da Euribor a seis meses quebra a barreira de 1 por cento
As prestações do crédito à habitação já estão a subir. Todos os contratos a rever em Julho, indexados à Euribor a três e seis meses, os prazos mais utilizados em Portugal, vão implicar um aumento da prestação, reflectindo a recentes subidas das taxas Euribor.
O valor da subida ainda é reduzido - apenas alguns euros - mas representa o início de um aumento do custo do dinheiro que está a acontecer a um ritmo acelerado.
As Euribor a seis e três meses estão a subir há 23 sessões consecutivas e a conjuntura actual, de elevada escassez de dinheiro no mercado interbancário, gerada em boa parte pela desconfiança dos bancos em emprestarem dinheiro entre si, não revela perspectivas de recuperação no curto prazo.
A média da Euribor a três meses ficou em Junho nos 0,727 por cento, mais 39 pontos-base face ao mês anterior. A Euribor a seis meses quebrou a barreira de um por cento, o que não acontecia desde Outubro de 2009, e atingiu 1,012 por cento, mais 30 pontos-base que no mês anterior.
A média da Euribor a 12 meses, pouco utilizada em Portugal, subiu 32 pontos-base para 1,281 por cento, máximo desde Setembro de 2009.
Neste quadro, um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread (margem do banco) de 0,7 por cento, indexado à Euribor a três meses, vai passar a pagar 512,44 euros. A prestação que pagava desde a última revisão, em Março, era de 506,60 euros. Num mesmo contrato, mas indexado à Euribor a seis meses, a revisão vai implicar uma prestação de 533,08 euros, uma diferença de pouco mais de um euro face ao valor a que estava a pagar desde Janeiro, que era de 531,91 euros.
O impacto da subida das taxas Euribor vai ser sentido à medida que os contratos vão sendo revistos, ao trimestre ou ao semestre, conforme a taxa escolhida, e é mais gravosa nos contratos de empréstimo mais recentes, já que têm por base spreads do banco muito elevados, face aos contratos mais antigos.
Os valores mais baixos de spread rondam actualmente um por cento, quando no passado chegaram a quebrar a barreira dos 0,25 por cento. Os spreads máximos já andam perto de quatro por cento.
A revelar a tendência de subida, a última sessão da Euribor a três meses já está a 0,767 por cento, a Euribor a seis meses a 1,041 por cento e a Euribor a 12 meses a 1,306. Apesar das subidas, as taxas do mercado interbancário ainda estão longe do patamar dos mais de cinco por cento que atingiram no final do Verão de 2008.
A Euribor a seis meses esteve oito meses abaixo da principal taxa de financiamento do BCE, que é de um por cento, nível a que se mantém apenas na Euribor a três meses.